Economia

Lagarde vê horizonte mais brilhante

Diretora-gerente do FMI alertou, entretanto, para crescimento 'frágil e desigual demais'

Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, durante  discurso no National Press Club de Washington (.)

Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, durante discurso no National Press Club de Washington (.)

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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 22h37.

Washington - O pior da crise já ficou pra atrás e o "horizonte agora é mais brilhante", mas o crescimento ainda é "frágil e desigual demais", afirmou nesta quarta-feira Christine Lagarde, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em discurso no National Press Club de Washington, Lagarde destacou que "o otimismo está no ar: o frio profundo já passou e o horizonte é mais brilhante".

No entanto, acrescentou, "o crescimento global é baixo demais, frágil e desigual demais".

A diretora do Fundo ressaltou que a melhora se consolidou nas economias avançadas, especialmente na segunda metade de 2013, e previu maiores progressos no próximo ano.

O crescimento está "certamente" sendo retomado nos Estados Unidos, disse Lagarde, e a eurozona "dobrou a esquina da recessão rumo à recuperação".

Mais uma vez, a ex-ministra de Finanças da França destacou o trabalho dos bancos centrais dos países avançados na hora de estimular a economia e manter as taxas de juros baixas nos momentos mais incertos da recessão.

Por isso, salientou, "os bancos centrais devem voltar a políticas monetárias mais convencionais apenas quando o crescimento sólido estiver firmemente assentado".

"Com a inflação abaixo dos objetivos dos bancos centrais, vemos crescentes riscos de deflação, o que poderia ser desastroso para a recuperação", assegurou Lagarde em seu discurso.

Além disso, aproveitou a ocasião para alertar sobre a crescente desigualdade global que está gerando a recuperação econômica após a aguda crise.

"Em muitos países, os benefícios do crescimento estão sendo desfrutados por pouca gente. Só como exemplo: nos Estados Unidos, 95% dos lucros em receita desde 2009 foi para 1% da população mais rica", disse.


"Esta não é uma receita para a estabilidade e a sustentabilidade", argumentou.

Lagarde também se referiu às economias emergentes, que compensaram nos últimos anos o pouco crescimento dos avançados, ao assinalar que muitas delas "estão desacelerando à medida que o ciclo econômico muda".

Para elas, o desafio agora é "navegar um mar agitado" e estar ciente de "qualquer sinal de excessos financeiros, especialmente em forma de bolhas de ativos e dívida crescente".

Neste sentido, se referiu ao anúncio do início da retirada do programa de estímulo monetário por parte do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que em dezembro decidiu moderar levemente o volume de sua compra de ativos, como oportuno e disse que por enquanto não gerou muita volatilidade nos emergentes.

Na próxima semana, o Fundo Monetário Internacional apresentará a atualização de seu relatório de "Perspectivas Econômicas Globais", no qual Lagarde já antecipou que haverá uma leve revisão em alta do crescimento estimado em outubro que era de 2,9% para 2013 e de 3,6% para 2014.

Por último, Lagarde lamentou a incapacidade demonstrada até o momento pelo Congresso de EUA, o maior contribuinte ao organismo internacional, para levar adiante a legislação que permita aprovar novos fundos para o FMI como parte de sua reforma do sistema de cotas.

"O apoio dos EUA é vital (...) Espero que a sensatez e o bom senso prevaleçam", insistiu.

A reforma do sistema de cotas do Fundo, aprovada em 2010, não pôde ser aplicada ainda por falta do respaldo do Congresso de EUA, e tem como objetivo aumentar o peso e a representação dos países emergentes na instituição como reflexo da nova realidade econômica global.

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