Economia

Lagarde prepara revisão de estratégia no BCE semelhante à do Fed

A inflação na zona do euro tem ficado aquém da meta do banco central europeu durante anos, apesar do estímulo cada vez mais agressivo

Christine Lagarde, diretora do FMI, durante a 22ª Conferência Global anual do Instituto Milken, em Beverly Hills, Califórnia, EUA, em 29 de abril de 2019. (Mike Blake/Reuters)

Christine Lagarde, diretora do FMI, durante a 22ª Conferência Global anual do Instituto Milken, em Beverly Hills, Califórnia, EUA, em 29 de abril de 2019. (Mike Blake/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 30 de setembro de 2020 às 09h34.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, preparou o cenário nesta quarta-feira para mudar a estratégia do BCE e alinhá-la à do Federal Reserve, possivelmente incluindo o compromisso de deixar a inflação ultrapassar a meta da instituição após ter ficado baixa por muito tempo.

A inflação na zona do euro tem ficado aquém da meta do BCE -- atualmente fixada como "abaixo, mas perto de 2%" -- durante anos, apesar do estímulo cada vez mais agressivo do banco central, que levou sua principal taxa de juros abaixo de zero e comprou mais de 3 trilhões de euros em ativos.

Na sua primeira atualização sobre a revisão em curso da estratégia do BCE, Lagarde também abriu a porta para dar ao banco central menos tempo para atingir o seu objetivo.

Espera-se que o BCE siga os passos do Fed, que disse no mês passado que visaria inflação média de 2%, de modo que os períodos em que os preços cresçam muito devagar precisem ser compensados por períodos de inflação mais acelerada, e vice-versa.

"Se confiável, tal estratégia pode fortalecer a capacidade da política monetária de estabilizar a economia quando confrontada com seu limite inferior", disse Lagarde em um evento.

Ao contrário do Fed, que tem o mandato duplo de alcançar o emprego máximo e preços estáveis, o único objetivo do BCE é a estabilidade de preços durante um "médio prazo" não especificado.

Mas Lagarde chamou este mandato de "hierárquico", argumentando que uma definição flexível de médio prazo permite evitar o aperto da política monetária e a "restrição desnecessária de empregos e crescimento" no caso de um choque temporário.

Por outro lado, ela acrescentou que o persistente fracasso do BCE em cumprir a meta de inflação poderia alimentar as expectativas de inflação e, portanto, "exigiria um horizonte de política monetária mais curto."

Ambos os argumentos implicam que o BCE precisaria continuar ou mesmo aumentar sua política de estímulo agressivo, uma vez que se espera que a inflação fique abaixo da meta nos próximos anos.

Acompanhe tudo sobre:BCEChristine LagardeFed – Federal Reserve System

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor