Economia

Lagarde diz que muitos países precisarão do FMI em 2012 se a crise continuar

Se a situação piorar, a diretora-gerente do FMI admitiu que órgão precisará de uma injeção de dinheiro e destacou que o Brasil já manifestou sua disposição de cooperar

Lagarde: "As análises de conjuntura nos fazem crer que o crescimento será mais baixo do que havíamos previsto, e em alguns países será ainda menor" (Peter Parks/AFP)

Lagarde: "As análises de conjuntura nos fazem crer que o crescimento será mais baixo do que havíamos previsto, e em alguns países será ainda menor" (Peter Parks/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2012 às 09h08.

Brasília - O Fundo Monetário Internacional (FMI) será obrigado a apoiar financeiramente "muitos países" se a Europa não resolver a crise do euro em curto prazo, alertou a diretora-gerente do organismo, Christine Lagarde, que visitou Brasília nesta quinta-feira.

"As análises de conjuntura nos fazem crer que o crescimento será mais baixo do que havíamos previsto, e em alguns países será ainda menor", disse Lagarde ao lado ministro da Fazenda, Guido Mantega, que afirmou que o Brasil está "sólido" agora, mas não será "imune" a um possível agravamento da crise europeia.

Lagarde antecipou que o FMI divulgará em breve um relatório atualizado de suas previsões sobre a economia mundial, que "sem dúvida serão revisadas para baixo", o que tornará 2012 ainda mais sombrio do que se esperava até agora.

As últimas previsões do FMI, publicadas há pouco mais de dois meses, previam que a economia mundial cresceria 4% em 2011 e 2012, o que já representou um rebaixamento de três décimos para este ano e de cinco décimos para o próximo em relação às projeções feitas em junho.

Nesse cenário de piora da crise, Lagarde destacou que o problema não se limita à Europa, pois apesar de "a situação nos Estados Unidos ser um pouco melhor agora, certamente não é boa".

No entanto, pediu que os países da zona do euro atuem com rapidez, pois de outro modo "outros serão contagiados" pelas vias do comércio ou pelo sistema financeiro e "serão muitos", não somente europeus, os que recorrerão ao FMI na busca por auxílio.


Lagarde considerou "acertada" a ação conjunta anunciada nesta quarta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), o Banco do Canadá, o Banco da Inglaterra, o Banco do Japão, o Federal Reserve dos EUA e o Banco Nacional Suíço para dotar de maior liquidez os mercados globais.

"Quando os bancos centrais atuam em conjunto é eficaz porque aliviam tensões no mercado", frisou Lagarde, concordando com Mantega que essa medida foi "oportuna", mas insuficiente para acabar com as turbulências.

Se a situação piorar, Lagarde admitiu que o FMI precisará de uma injeção de dinheiro e destacou que o Brasil já manifestou sua disposição de cooperar.

Mantega reconheceu a possibilidade de novas contribuições, assim como fizeram outros países do Brics (China, Índia, Rússia e África do Sul), mas esclareceu que isso está "condicionado" ao fato de a Europa adotar decisões políticas e econômicas para "encontrar uma saída" da crise.

"A demora da Europa para atuar é preocupante", reiterou o ministro, ressaltando que os países do Brics ajudarão o FMI se as nações desenvolvidas "também colaborarem, até porque se supõe que eles são muito mais ricos".

Mantega salientou ainda que, até agora, no seio do Brics não se falou de números, já que as contribuições seriam definidas segundo a evolução da crise nos países mais afetados.


Lagarde também disse que não é possível calcular neste momento quanto dinheiro o FMI necessitará, mas lembrou que o Grupo dos Vinte (G20, que reúne países desenvolvidos e os emergentes mais importantes) assumiu o compromisso de fornecer todos os recursos "que forem necessários".

A visita de Lagarde ao Brasil foi a última escala de sua viagem pela América Latina, que incluiu também Peru e México.

Antes de se reunir com Mantega, a diretora-gerente do FMI foi recebida pela presidente Dilma Rousseff, com quem teve "uma conversa muito produtiva" sobre os rumos da economia mundial e as alternativas à crise.

"Falamos também sobre os efeitos potenciais de uma possível contaminação" da economia brasileira, mas "o Brasil, embora não seja imune, está em uma situação muito sólida, que se apoia em três pilares manuseados de forma adequada, que são as metas de inflação, o câmbio flutuante e a responsabilidade fiscal" declarou.

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