Economia

Lagarde anuncia candidatura a segundo mandato no FMI

Após receber apoios de peso, a francesa anunciou sua candidatura a um segundo mandato como diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (Fabrice Coffrini/AFP)

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (Fabrice Coffrini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2016 às 19h21.

Paris - Depois de receber vários apoios de peso, a francesa Christine Lagarde anunciou nesta sexta-feira sua candidatura a um segundo mandato como diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), na expectativa de não ser atrapalhada por um complexo caso judicial na França.

"Sim, sou candidata a um segundo mandato", declarou ao canal francês de televisão France 2, ao vivo de Davos, nos Alpes suíços, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

Lagarde assumiu a instituição em 2011, sucedendo a seu compatriota Dominique Strauss-Kahn, derrubado por um escândalo sexual.

"Tive a honra de receber apoios desde a abertura do processo", afirmou Lagarde, de 60 anos, referindo-se, em particular, à França, ao Reino Unido, à Alemanha e à China.

A menos de seis meses do fim de seu mandato, Lagarde lembrou que os Estados Unidos, principal contribuinte do Fundo, costuma comunicar sua posição ao final do processo. Mencionou, porém, o apoio expresso recentemente pelo governo do presidente Barack Obama.

"As declarações do vice-presidente (Joe Biden) dos Estados Unidos, um outro dia, em uma intervenção pública, foram extremamente elogiosas e quase embaraçosas, e o secretário do Tesouro (Jacob Lew) disse que espera continuar trabalhando comigo", destacou.

No ano passado, essa ex-advogada empresarial e ministra francesa das Finanças (2007-2011), no governo de Nicolas Sarkozy, já havia sinalizado estar receptiva a um novo mandato.

"Estou disposta a servir", afirmou, em outubro, em Lima, na assembleia-geral do Fundo.

O interminável caso Tapie

A candidatura de Lagarde pode ser ofuscada pela declaração que terá de prestar à Justiça francesa por sua suposta "negligência" em uma polêmica e milionária arbitragem que favoreceu o empresário Bernard Tapie em 2008. Na época, ela ainda era ministra.

Neste caso, uma novela judicial que se arrasta por mais de duas décadas, Tapie acusou, primeiramente, o banco Crédit Lyonnais, de capital misto, de ter subestimado o valor da marca de roupa e de equipamentos esportivos Adidas, quando se desfez dela, em 1993.

O caso foi resolvido em 2008 por uma comissão arbitral privada, que deu razão a Tapie e ordenou que lhe fosse paga uma indenização de quase 404 milhões de euros. No início de 2015, porém, a Justiça anulou essa sentença, por suspeita de fraude. Depois, condenou Tapie a reembolsar o montante integral da indenização acertada anteriormente.

Lagarde está sendo processada por escolher recorrer a uma arbitragem privada, e não à Justiça comum, para resolver um caso que envolvia enormes recursos públicos.

No decorrer do caso, ela reiterou ter "agido no interesse do Estado e em conformidade com a lei".

"Espero que a Justiça, ao final deste procedimento, por mais longo e pesado que seja, concorde com isso", declarou Lagarde.

Apesar disso, a diretora recebeu em dezembro passado o apoio do conselho administrativo do FMI, que disse confiar em sua capacidade de exercer adequadamente suas funções.

A decisão final sobre sua candidatura será tomada até o início de março, com base em consenso no conselho administrativo do Fundo, a instância dirigente da instituição. O FMI conta com 24 membros que representam os 188 Estados-membros.

Existe uma regra tácita que reserva a direção do FMI para um europeu, e é pouco provável que haja candidatura de um grande país emergente. Em 2011, Lagarde teve como rival o presidente do Banco Central mexicano, Agustín Carstens.

Para um novo mandato, Lagarde poderá contar com um balanço mais favorável para o FMI, depois de ter melhorado a imagem da instituição e de ter desbloqueado uma importante reforma de seu modo de governança.

Sob seu mandato, entretanto, o Fundo não conseguiu evitar o maior calote de sua história, com a Grécia, e foi acusado de instrumentalização política, ao apoiar a Ucrânia, em meio a uma queda de braço estratégica de Kiev com a Rússia.

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