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Juros terão de subir mais do que o previsto no Focus, indica Campos Neto

Em entrevista coletiva à imprensa, ele lembrou que o balanço de riscos do Comitê de Política Monetária (Copom) para a inflação é assimétrico

Campos Neto: o presidente do BC também negou que o Copom tenha evitado promover uma alta maior dos juros em sua reunião da semana passada pelo fato de não ter ainda comunicado ao mercado essa intenção (Adriano Machado/Reuters)
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Reuters

Publicado em 24 de junho de 2021 às 15h29.

Última atualização em 24 de junho de 2021 às 15h33.

O Banco Central precisará adotar uma política de juros mais restritiva do que a prevista pelo mercado no relatório Focus para garantir o cumprimenta da meta de inflação em 2022, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto .

Em entrevista coletiva à imprensa, ele lembrou que o balanço de riscos do Comitê de Política Monetária (Copom) para a inflação é assimétrico, ou seja, os riscos de que a inflação fique acima do projetado no próximo ano são maiores do que os riscos baixistas.

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"Quando o balanço é assimétrico significa que você tem que elevar os juros acima do que está projetado no Focus", afirmou Campos Neto ao ser questionado se o BC terá que levar os juros acima do nível considerado neutro para garantir o cumprimento da meta de inflação em 2022.

As projeções do Focus incorporadas ao cenário-base do BC apontam Selic de 6,25% ao final deste ano e de 6,50% no fim de 2022. Campos Neto afirmou que a taxa real de juros neutra está atualmente em 3%.

O diretor de Política Econômica, Fabio Kanczuk, complementou o raciocínio de Campos Neto, lembrando que, no cenário do BC, o juro do Focus deixa a inflação de 2022 em 3,5%, centro da meta para o ano.

"Como há uma assimetria no balanço de riscos, isso significa que você tem que mirar uma inflação um pouco mais abaixo, tem uma gordurinha por causa da assimetria, você tem que praticar uma política monetária menos estimulativa do que os juros do Focus", afirmou.

O presidente do BC também negou que o Copom tenha evitado promover uma alta maior dos juros em sua reunião da semana passada pelo fato de não ter ainda comunicado ao mercado essa intenção. A Selic foi elevada em 0,75 ponto percentual, para 4,25%, mas na ata o colegiado informou que foi considerada a possibilidade de um aperto maior. O BC também informou a intenção de levar os juros para patamar considerado neutro.

"Eu só queria enfatizar que eu li alguns comentários de que grande parte da decisão teria sido tomada por não ter comunicado. Queria enfatizar que isso não é verdade, a gente poderia ter comunicado, a gente teve muitas oportunidades para comunicar", disse Campos Neto.

"Mas a gente esperou porque a gente achava que esse debate sobre esses fatores que foram mencionados agora era um debate bastante enriquecedor e ia nos dar um horizonte de atuação mais eficiente", disse Campos Neto. Ele citou como alguns dos principais temas discutidos na reunião a inflação de serviços e a ancoragem das expectativas de inflação.

"Discutimos muito também o tema de o que influencia expectativas em termos da função reação, se é mais a taxa (de juros) final, o quanto que a velocidade influencia nisso", disse Campos Neto.

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