Economia

Japão quer revitalizar economia com pacote de estímulo

Trata-se do primeiro plano econômico de emergência do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe


	O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe: o forte pacote aprovado hoje inclui um investimento no valor de 10,3 trilhões de ienes (cerca de US$ 115,7 bilhões).
 (REUTERS/Issei Kato)

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe: o forte pacote aprovado hoje inclui um investimento no valor de 10,3 trilhões de ienes (cerca de US$ 115,7 bilhões). (REUTERS/Issei Kato)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2013 às 13h35.

Tóquio - O governo japonês aprovou nesta sexta-feira um grande pacote de medidas de estímulo econômico no valor de mais de US$ 225 bilhões, com o qual pretende criar cerca de 600 mil empregos e somar dois pontos ao crescimento de seu enfraquecido Produto Interno Bruto (PIB).

Trata-se do primeiro plano econômico de emergência do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que chegou ao poder em dezembro passado depois que sua formação, o conservador Partido Liberal- Democrata (PLD), arrasou nas eleições gerais e acabou com três anos de governo do Partido Democrático (PD).

O forte pacote aprovado hoje inclui um investimento do governo central no valor de 10,3 trilhões de ienes (cerca de US$ 115,7 bilhões), a maior verba de gasto público desde 2009, quando o Japão tentava superar o impacto da crise suscitada pela queda do Lehman Brothers.

As medidas visam a conseguir um crescimento econômico sustentável com o estímulo do investimento privado, o aumento da competitividade das empresas japonesas, o fomento das infraestruturas e a reconstrução das regiões assoladas pelo tsunami de 2011.

Os projetos de obras públicas são justamente um dos grandes pilares do plano de estímulo, que destina ao setor cerca de 3,8 trilhões de ienes (US$ 42,7 bilhões) para fomentar a economia.

O PLD, que governou Japão durante mais de meio século até 2009, já utilizou no passado a fórmula de investir em novas infraestruturas, o que a curto prazo serviu para estimular a economia mas resultou em aeroportos inúteis e estradas modernas em áreas remotas quase não transitadas.


A estratégia contribuiu além disso para inflar a dívida pública do Japão até torná-la a maior do mundo industrializado (mais que o dobro do PIB), embora o que a diferencie de outros países seja que, em sua maioria, está nas mãos de credores locais.

O plano de estímulo será financiado com um orçamento adicional por 13 trilhões de ienes (cerca de US$ 146 bilhões) que se espera que seja aprovado no Parlamento no início de fevereiro e que obrigará o Japão a emitir nova dívida por cerca de 5 trilhões de ienes (por volta de US$ 56,2 bilhões).

Apesar disso, Abe insistiu hoje, em entrevista coletiva ao fim da reunião de seu gabinete, em que contar com uma economia forte é fundamental para a consolidação fiscal do país.

"Temos que dar fim ao afundamento da economia", disse o primeiro-ministro, antes de ressaltar que é "de suma importância" acabar com a deflação endêmica que pressiona o Japão e combater a fortaleza do iene, que prejudica seriamente os exportadores.

O diretor da principal organização patronal do Japão (Keidanren), Hiromasa Yonekura, mostrou sua satisfação pelo "oportuno" pacote de estímulo e apostou que seus efeitos se façam sentir em breve.


O anúncio do plano de revitalização milionário também foi aplaudido pelo mercado em um dia em que o iene voltou a se desvalorizar em relação ao dólar, que chegou a atingir seu auge em dois anos e meio em Tóquio ao ser negociado temporariamente a 89,35 ienes.

O euro também ganhou força e alcançou brevemente os 118,58 ienes, seu nível mais alto desde maio de 2011.

O alívio que isso representa para os grandes exportadores japoneses e a esperança de que o Banco do Japão adote novas medidas de flexibilização monetária em sua próxima reunião mensal levaram hoje o Nikkei a fechar acima dos 10.800 pontos, nível mais alto desde fevereiro de 2011.

Além de aprovar esse plano, a administração de Shinzo Abe - que já governou Japão entre 2006 e 2007 - afirmou que trabalhará para estreitar a cooperação com o Banco do Japão a fim de que tome medidas firmes para combater a deflação.

O novo primeiro-ministro, que sucedeu Yoshihiko Noda, um ferrenho defensor da disciplina fiscal, teve arrasadora vitória nas eleições de 16 de dezembro com a promessa de melhorar a castigada economia japonesa, que sofre com uma recessão técnica. 

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise econômicaJapãoPaíses ricos

Mais de Economia

Plano Real, 30 anos: Jorge Gerdau e o 'divisor de águas' no desenvolvimento do país

Após enchentes, atividade econômica no RS recua 9% em maio, estima Banco Central

Lula se reúne hoje com equipe econômica para discutir bloqueios no Orçamento deste ano

CCJ do Senado adia votação da PEC da autonomia financeira do BC

Mais na Exame