Rompimento da barragem em Brumadinho: redução da produção de minério de ferro em razão da tragédia deve prejudicar PIB do 1º trimestre (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de abril de 2019 às 12h55.
Última atualização em 12 de abril de 2019 às 16h16.
São Paulo - A atividade econômica mais fraca do que o esperado marcou o início de 2019, disse o Itaú ao alterar sua expectativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano de 2% para 1,3%.
Se confirmada a previsão, seria o terceiro ano seguido de retomada lenta da economia brasileira após a brutal recessão de 2015 e 2016. O PIB cresceu apenas 1,1% tanto em 2017 quanto em 2018.
Para 2020, a revisão do Itaú foi de 2,7% para 2,5%. Ambas as previsões estão aquém das medianas encontradas na pesquisa Focus do Banco Central (BC), de 1,97% e 2,70%, respectivamente.
Ontem, o Banco Safra também anunciou revisões nas expectativas para o crescimento econômico brasileiro deste ano e do seguinte.
A projeção para o PIB de 2019 foi reduzida de alta de 2,0% para 1,5%. Já para o dado de 2020, a estimativa baixou de 3,0% para 2,5%.
Em relatório divulgado nesta sexta-feira, 12, o Itaú também passou a estimar a Selic em 5,75% ao ano no fim do ano, de 6,50% na previsão anterior. Na opinião do banco, o Banco Central começará a cortar o juro básico em setembro, em doses de 0,25 ponto percentual, após a aprovação da reforma previdenciária.
A instituição também piorou sua estimativa para o déficit primário, de 1,4% do PIB para 1,5% no ano, dizendo que o cenário é estritamente dependente da aprovação da reforma da Previdência.
"Sem reformas, o cumprimento do teto de gastos dificilmente será viável a partir de 2020, e o reequilíbrio fiscal estará ameaçado", diz em relatório.
Ao fazer o alerta, o banco ressalta que "a continuação da tendência da dívida pública, atualmente insustentável, aumentaria as dúvidas sobre a consistência da ainda frágil retomada da atividade econômica e da manutenção das taxas de juros em níveis historicamente baixos".
O banco manteve estimativas para o IPCA em 3,6 por cento ao término de 2019 e 2020. A previsão para o dólar segue em 3,80 reais para o fim de 2019 e de 3,90 reais ao término de 2020.
Para embasar sua revisão de projeções para o PIB, o Itaú cita a atividade industrial, que segue estagnada, a falta de sinais de melhora do investimento, (como a produção de bens de capital e de insumos típicos da construção civil), e o recuo nos níveis de confiança na economia de março.
Nas contas do Itaú, o PIB deverá contrair 0,1% no primeiro trimestre, na margem, ante estimativa anterior de aumento de 0,3%, "possivelmente refletindo a redução da produção de minério de ferro em razão do rompimento da barragem em Brumadinho (MG)"