Economia

IPI menor impediu queda maior nas vendas, diz Fenabrave

Consultora Tereza Fernandez, da MB associados, que assessora a Fenabrave, avalia que setor viverá, nos próximos dez anos, realidade distinta da década passada


	Veículos: Odados de 2013 divulgados pela Fenabrave mostram que no ano passado o segmento registrou a primeira queda em dez anos
 (Ty Wright/Bloomberg)

Veículos: Odados de 2013 divulgados pela Fenabrave mostram que no ano passado o segmento registrou a primeira queda em dez anos (Ty Wright/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2014 às 14h25.

São Paulo - Depois de seis anos batendo recordes históricos de vendas de automóveis e comerciais leves, a indústria automobilística terá de se preparar para um novo patamar nas vendas de veículos.

Os dados de 2013 divulgados nesta sexta-feira, 3, pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que no ano passado o segmento registrou a primeira queda em dez anos e o setor como um todo também recuou, apesar de altas importantes em vendas de caminhões e ônibus.

"Em 2013 tivemos a redução da alíquota do IPI para automóveis, senão poderia ter sido bem pior, a limitação extremamente forte da concessão de crédito para compra de motos e as vendas de caminhões favorecidas pelo financiamento PSI e pelo volume considerável de safra no ano", resume Alarico Assumpção Júnior, presidente executivo da Fenabrave.

"O IPI ajudou sem sombra de dúvida, porém o efeito não foi na grandeza como foi no passado. Não é que o número (de vendas) não seja preocupante, é um número menor, porém ainda é uma base alta", completou Assumpção, que vê os números como um resultado dentro da normalidade.

A consultora Tereza Fernandez, da MB associados, que assessora a Fenabrave, avalia que o setor viverá, nos próximos dez anos, uma realidade distinta da década passada.


"Nos últimos dez anos a venda de automóveis cresceu a uma média de 10% ao ano. Isto é insustentável em qualquer lugar do mundo", aponta. A projeção para o próximo ciclo, de 2013 a 2014, é de crescimento médio de 3% ao ano no segmento. "Se confirmarmos esse crescimento médio, nos próximos dez anos vamos dobrar a frota de automóvel no Brasil, ainda é um crescimento bem significativo", calcula.

"O que se dizia é que em 2017 iríamos negociar 6 milhões de carros. Mas 6 milhões de carros em 2017 era um sonho. Há uma diminuição, mas hoje a base é outra", completou a consultora.

Mesmo com o resultado mais fraco das vendas, o ano de 2013 ainda é o primeiro melhor para venda de ônibus, o terceiro melhor ano em volume de vendas de caminhões e o segundo melhor em automóveis e comerciais leves - neste último caso perdendo apenas para 2012, quando foram vendidas 3,634 milhões de unidades.

O presidente executivo da Fenabrave explica que, se não houver nenhuma surpresa negativa na economia durante o primeiro semestre de 2014, a tendência é de que as vendas fiquem em "patamar mais equilibrado" e a comercialização de automóveis e comerciais leves feche o ano com estabilidade em relação a 2013. Em um cenário mais negativo, a previsão é de queda de 3,50% nas vendas.

Assumpção ressalta que embora não esteja previsto um volume acentuado de vendas, a base de comparação ainda é bastante alta e, por isso, a tendência é de que haja agora um equilíbrio no comércio automobilístico. A aposta positiva para 2014 é nos segmentos de caminhões, máquinas agrícolas e ônibus, influenciados pelos bons resultados do agronegócio.

2014 será um ano atípico, reforçou o representante da Fenabrave, avaliando que o ano sofrerá o impacto de eventos como Copa do Mundo e eleições presidenciais. Só a Copa reduzirá em ao menos sete dias úteis as vendas, segundo Tereza Fernandez, da MB.

Atualmente, o setor apresenta estoque de 35 dias, que atende de 40 a 45 dias de período de vendas, segundo a Fenabrave. "O pior passou, porém este é um ano atípico e temos de estar preparados para isso, avalia o presidente executivo da Fenabrave, que não acredita que haverá fechamento de empresas ou demissões no setor.

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