Economia

Ipea: privatização não resolve aeroportos até a Copa

Pesquisador do instututo considera que a abertura do setor para investimentos privados deve demorar e não haverá tempo para as obras necessárias para atender a demanda

Aeroporto de Curitiba: Ipea prevê problemas no setor para a Copa de 2014 (Arquivo/ Exame)

Aeroporto de Curitiba: Ipea prevê problemas no setor para a Copa de 2014 (Arquivo/ Exame)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2011 às 19h08.

Brasília - Mesmo que o governo brasileiro decida abrir o capital da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e permita a participação da iniciativa privada no setor, os aeroportos brasileiros não estarão prontos para atender ao aumento da demanda que vai ocorrer nos próximos anos, principalmente por causa da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

A conclusão é do técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Álvares da Silva Campos Neto, que participou hoje (26) de uma audiência pública da Comissão de Infraestrutura do Senado.

“Trazer o setor privado para investir demora, porque temos que passar por um processo de normatização, regulação, fazer a modelagem desses projetos, um processo licitatório, e essas coisas demandam tempo. Para 2014, nem o investimento privado teria tempo hábil de tocar essas obras importantes”, afirmou o técnico.

A audiência debateu um estudo do Ipea, divulgado recentemente, que mostra que as obras de ampliação de nove dos 12 aeroportos das cidades que sediarão os jogos da Copa de 2014 não deverão ser concluídas até o início da competição. Segundo o estudo, mesmo que os aeroportos ficassem prontos a tempo, o crescimento da demanda faria com que a maioria dos terminais já entrassem em operação acima da capacidade em 2014.

Para Campos Neto, o setor aéreo tem que ser pensado com 30 anos de antecedência. “Não podemos ter como meta 2014, 2016 porque vamos estar sempre correndo atrás, planejando o setor olhando pelo retrovisor”.

O representantes do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), José Márcio Monsão Mollo, alertou que não adianta o governo investir na ampliação dos terminais de passageiros se não ampliar também a capacidade dos pátios de estacionamento e taxiamento de aeronaves. “Não adianta ter passageiros se o avião não consegue chegar no terminal”, afirmou.

Segundo ele, hoje já há excesso de aviões e, em pelo menos 12 aeroportos, não há lugar para estacionar aeronaves nos horários de pico. Mollo destacou que, mesmo que todas as obras previstas pela Infraero sejam feitas no ritmo adequado, em 2014 grande parte dos aeroportos já estará com a capacidade ultrapassada ou no limite.

A presidenta da Comissão de Infraestrutura, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), disse que o estudo do Ipea deve ser acatado pelo governo com humildade. Já a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) ressaltou que ações como a criação da Secretaria de Aviação Civil e as reuniões da presidenta Dilma Rousseff com o setor mostram a disposição do governo de resolver os problemas de infraestrutura dos aeroportos brasileiros. A Comissão deverá promover uma nova audiência nos próximos dias com a presença de representantes da Infraero e da Anac.

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