Economia

IPCA cai 0,04% em setembro, menor resultado para o mês em mais de 20 anos

Queda foi puxada, principalmente, pela redução de 0,43% nos preços de alimentos e bebidas, que caíram pelo segundo mês seguido, segundo IBGE

Inflação: (Pilar Olivares/Reuters)

Inflação: (Pilar Olivares/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 9 de outubro de 2019 às 09h03.

Última atualização em 9 de outubro de 2019 às 20h13.

São Paulo -  O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no país, caiu 0,04% em setembro, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (09).

Esse é o menor resultado para o mês desde 1998. Em agosto, a taxa havia ficado em 0,11% (a mais alta para aquele mês desde 2017). Em setembro de 2018, o IPCA foi de 0,48%.

O resultado veio no piso do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam desde uma queda de 0,04% a um avanço de 0,18%, com mediana positiva de 0,02%.

No acumulado do ano de 2019, o IPCA registrou 2,49% e, no acumulado dos últimos 12 meses, ficou em 2,89%.

O índice segue abaixo da meta oficial para o ano, que é de 4,25% com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo. Para 2020, a meta é de 4%, também com a mesma margem.

A expectativa do mercado, medida semanalmente pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), é que o índice termine em 3,42% no acumulado de 2019 e em 3,78% em 2020.

"O valor reafirma a perspectiva que o Banco Central deve levar a taxa básica Selic para 4,50% como projetado por nós e por parte ainda diminuta do mercado. Vale notar que nos EUA a perspectiva continua de baixa de juros e isto força a curva como um todo para baixo por aqui", comenta André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton.

Em sua última decisão sobre a taxa básica de juros da economia, tomada em setembro, o Copom reduziu a Selic de 6% para 5,5% ao ano e sinalizou que poderia haver mais cortes até o fim do ano. Essa foi a segunda queda consecutiva de meio ponto porcentual no atual ciclo de baixa, após 16 meses de estabilidade.

Ajudaram na queda

Segundo Instituto, a queda na inflação verificada em setembro foi puxada, principalmente, pela redução de 0,43% nos preços dos alimentos e bebidas, que caíram pelo segundo mês seguido.

“O grupo alimentação e bebidas já tinha apresentado queda em agosto, de -0,35%, que se intensificou para -0,43%, pressionada pela desaceleração da alimentação fora de casa, associada à queda na alimentação no domicílio, que caiu pelo quinto mês consecutivo”, explicou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov, em nota divulgada pelo IBGE.

A alimentação fora de casa desacelerou de 0,53% em agosto para 0,04% em setembro, devido à variação de -0,04% no item refeição, destaca o Instituto.

Já a alimentação no domicílio teve queda de 0,70% nos preços, com destaques para o tomate (-16,17%), a batata-inglesa (-8,42%), a cebola (-9,89%) e as frutas (-1,79%).

O grupo habitação - que havia puxado a alta do IPCA em agosto, por conta, principalmente, da entrada em vigor da bandeira vermelha nas contas de luz - desacelerou de 1,19% naquele mês para 0,02% em setembro e também ajudou na queda para o mês. 

Gráfico - IBGE - 2019-10-9

 

GrupoVariação (%)
AgostoSetembro
Alimentação e Bebidas-0,35-0,43
Habitação1,190,02
Artigos de Residência0,56-0,76
Vestuário0,230,27
Transportes-0,390
Saúde e Cuidados Pessoais-0,030,58
Despesas Pessoais0,310,04
Educação0,160,04
Comunicação0,09-0,01

 

GrupoImpacto (p.p.)
AgostoSetembro
Alimentação e Bebidas-0,09-0,11
Habitação0,190
Artigos de Residência0,02-0,03
Vestuário0,010,02
Transportes-0,070
Saúde e Cuidados Pessoais00,07
Despesas Pessoais0,040,01
Educação0,010
Comunicação00

 

Acompanhe tudo sobre:IBGEInflaçãoIPCA

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor