Economia

Investidores esperam volta do "selo de bom pagador" no governo Bolsonaro

Histórico das agências de rating mostra que isso pode ser mais difícil do que o previsto: pesquisa do BofA também indica otimismo com reforma da Previdência

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes /REUTERS (Ueslei Marcelino/Reuters)

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes /REUTERS (Ueslei Marcelino/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 13h17.

Última atualização em 13 de fevereiro de 2019 às 13h42.

São Paulo - Um levantamento do Bank of America Merrill Lynch mostra que o otimismo com o Brasil está contaminando os investidores: 82% acreditam que o grau de investimento voltará ainda durante o mandato de Jair Bolsonaro.

A nova pesquisa foi feita entre os dias 01 e 07 de fevereiro com 28 investidores que controlam cerca de US$ 86 bilhões em ativos. Na pesquisa anterior, realizada há três meses, a taxa era de 67%.

O grau de investimento é como um "selo de bom pagador" dado pelas principais agências de classificação de risco, que visitam o país e avaliam dados como trajetória fiscal e perfil da dívida.

Em abril de 2008, o Brasil ganhou o grau de investimento pela Standard & Poor's. A decisão foi seguida pela Fitch no mês seguinte e pela Moody’s em setembro de 2009.

A S&P também foi a primeira a tirar o selo, em setembro de 2015, diante da rápida deterioração política e econômica do país. O caminho foi seguido pela Fitch em dezembro e pela Moody’s em abril de 2016.

História

Um estudo publicado em maio de 2015 por Carmen Broto e Luis Molina, economistas do Banco Central da Espanha, mostra que recuperar o grau de investimento não é tarefa fácil.

Com foco na S&P, a dupla analisou o ciclo de altas e baixas da nota soberana de países do G-20 e dos mais afetados pela crise europeia e verificou forte assimetria entre os ciclos de alta e de baixa.

As agências reagem de forma rápida e forte à piora das condições, mas hesitam em melhorar a nota diante de melhoras: “Uma vez rebaixados, pouquíssimos países recuperam seu status prévio”, diz o estudo.

Reforma da Previdência

O otimismo dos investidores está relacionado a uma boa expectativa de aprovação da reforma da Previdência, considerada essencial para conter a trajetória de endividamento explosivo do país.

Um recorde de 93% dos investidores ouvidos pelo BofA esperam que a reforma seja aprovada em 2019, contra apenas 53% que tinham essa expectativa em junho do ano passado. Um terço dos investidores espera que isso aconteça já no primeiro semestre.

"Com altas expectativas, há um risco crescente de decepção em relação ao timing, já que o governo está considerando enviar ao Congresso uma proposta de reforma da Previdência nova, estendendo o processo de votação", diz o relatório.

Quase 90% dos investidores antecipam que o Ibovespa fique acima do nível atual (em torno dos 95 mil pontos) até o fim do ano. 29% já veem o índice acima dos 120 mil pontos, contra 9% que tinham essa opinião no mês passado.

"As posições de risco atingiram uma nova alta e cresceram todos os meses desde a eleição. Quase metade dos participantes agora dizem estar tomando riscos maiores do que o normal, enquanto os níveis de caixa seguem próximos da mínima histórica", diz o texto.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingbank-of-america-merrill-lynchDívida públicaFitchGoverno BolsonaroMoody'sRatingReforma da PrevidênciaStandard & Poor's

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor