Acompanhe:

Apesar de salto em itens básicos, inflação desacelera para 0,24% em agosto

Item de maior peso nos preços do mês foi a gasolina, que fez o grupo Transportes subir 0,82%. Em 2º lugar, veio Alimentação e Bebidas (0,78%), diz o IBGE

Modo escuro

Continua após a publicidade
“O arroz (3,08% em agosto) acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. (Dercílio / Saúde/Divulgação)

“O arroz (3,08% em agosto) acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. (Dercílio / Saúde/Divulgação)

L
Ligia Tuon

Publicado em 9 de setembro de 2020 às, 09h01.

Última atualização em 9 de setembro de 2020 às, 09h54.

A inflação no Brasil ficou em 0,24% em agosto, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Maior para o mês desde 2016, o índice desacelerou em relação a julho, quando havia ficado em 0,36%, também no maior nível em quatro anos.

No acumulado do ano, a taxa medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 0,70%, enquanto nos últimos 12 meses é de 2,44%.

O centro da meta oficial de inflação para 2020 é de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais (5,5%) ou menos (2,5%). 

Altas e baixas

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta em agosto. O item de maior peso nos preços de foi a gasolina, que fez os Transportes subirem 0,82%. Em segundo lugar, vem Alimentação e Bebidas (0,78%). (Veja tabelas abaixo).

A alta nos preços de itens básicos para a alimentação do brasileiro, como arroz e feijão, influencia na percepção de inflação nas gôndolas dos mercados, destaca o instituto.

“O arroz (3,08% em agosto) acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%”, destaca Pedro Kislanov no material de divulgação do IPCA.

Os alimentos para consumo no domicílio avançaram 1,15% em agosto, influenciados princialmente pelo tomate (12,98%), o óleo de soja (9,48%), o leite longa vida (4,84%), as frutas (3,37%) e as carnes (3,33%), segundo o instituto.

A alimentação fora do domicílio, por outro lado, segue em queda, com variação negativa no mês (-0,11%), embora menor do que a registrada em julho (-0,29%).

Gráfico - IBGE - 2020-9-9

Gráfico - IBGE - 2020-9-9 (IBGE/Divulgação)

Na parte das baixas, o grupo Educação segurou os preços médios de agosto com a maior variação negativa (-3,47%), em função de descontos em mensalidades praticados pelas empresas educacionais durante o período de isolamento, explica o IBGE:

"Os preços dos cursos regulares recuaram 4,38%, sendo que maior queda foi observada na pré-escola (-7,71%), seguida pelos cursos de pós-graduação (-5,84%), pela educação de jovens e adultos (-4,80%) e pelas creches (-4,76%)", diz o instituto.

Efeito coronavírus

A trajetória dos preços nos últimos meses vem sendo impactada pela pandemia, que ocasionou um choque de oferta e demanda no mundo todo. O principal efeito desse movimento é deflacionário de forma geral, mas os itens considerados essenciais seguiram com os preços pressionados. Esse padrão foi sentido sobretudo no Brasil, nos Estados Unidos e na Zona do Euro, como observa Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco.

"A inflação acelerou em itens cuja demanda durante a pandemia foi mais forte, como foi o caso de alimentos, artigos para casa e itens de higiene pessoal. Por outro lado, desacelerou, em alguns casos até para deflação, em itens mais sensíveis à dinâmica do vírus e cuja a demanda ainda está deprimida (ex: alimentação fora do domicílio, vestuário e turismo)", diz.

Por conta dos efeitos extraordinários trazidos pela pandemia, a expectativa geral é que os preços pressionados voltem ao normal gradativamente. "Adiante, esperamos que a inflação dos itens mais afetados pela pandemia aos poucos retorne à sua trajetória anterior, embora tal movimento potencialmente seja mais lento nos itens negativamente afetados do que nos
positivamente afetados pela pandemia", diz a economista.

Para a consultoria 4E, a expectativa é que a recuperação dos preços internacionais do petróleo, e a recomposição da demanda chinesa por carnes continuem a impactar os preços ao consumidor no curto prazo. "Ainda assim, para 2020, acreditamos que o IPCA se encerre abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação", diz.

GruposVariação julho (%)Variação agosto (%)
Índice Geral0,360,24
Alimentação e bebidas0,010,78
Habitação0,800,36
Artigos de residência0,900,56
Vestuário-0,52-0,78
Transportes0,780,82
Saúde e cuidados pessoais0,440,50
Despesas pessoais-0,11-0,01
Educação-0,12-3,47
Comunicação0,510,67

 

GruposImpacto julho (p.p.)Impacto agosto (p.p.)
Índice Geral0,360,24
Alimentação e bebidas0,000,15
Habitação0,130,05
Artigos de residência0,030,02
Vestuário-0,02-0,03
Transportes0,150,16
Saúde e cuidados pessoais0,060,07
Despesas pessoais-0,010,00
Educação-0,01-0,22
Comunicação0,030,04

 

Últimas Notícias

Ver mais
Banco Central projeta crescimento de 1,9% do PIB e inflação de 3,5% em 2024
Economia

Banco Central projeta crescimento de 1,9% do PIB e inflação de 3,5% em 2024

Há 22 horas

Galípolo: Resiliência no consumo deve persistir com Bolsa Família e queda da inflação
Economia

Galípolo: Resiliência no consumo deve persistir com Bolsa Família e queda da inflação

Há um dia

Houve progressos em prioridades de governo, sobretudo na inflação, diz premiê do Reino Unido
Economia

Houve progressos em prioridades de governo, sobretudo na inflação, diz premiê do Reino Unido

Há 2 dias

Ovos de Páscoa estão 10,3% mais caros este ano, aponta Fipe
Economia

Ovos de Páscoa estão 10,3% mais caros este ano, aponta Fipe

Há 2 dias

Continua após a publicidade
icon

Branded contents

Ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

Leia mais