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Igualdade feminina somaria novos EUA e China ao PIB global

Economia global ganharia US$ 26 trilhões até 2025 se questão da desigualdade de gênero fosse resolvida - e não estamos falando só de participação no trabalho

Em Rangareddy, na Índia, mulher mostra o dedo pintado após ter votado nas eleições em 2014 (REUTERS/Danish Siddiqui)

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 16h42.

São Paulo - Resolver a desigualdade de gênero em todas as suas dimensões não é só uma questão de justiça básica: é também essencial para o desenvolvimento econômico.

De acordo com um novo relatório do McKinsey Global Institute, um cenário de participação plena das mulheres adicionaria US$ 28 trilhões ao PIB global em 2025.

É praticamente a soma das duas maiores economias do mundo hoje (Estados Unidos e China) e 26% a mais do que se tudo ficar como está.

Em um cenário de ganhos mais modestos, em que todo mundo atinge pelo menos o nível do melhor país de sua respectiva região, o ganho global é de US$ 12 trilhões no período.

A América Latina poderia aumentar seu PIB entre 14% e 34% (ou entre US$ 1,1 trilhão e US$ 2,6 trilhões), dependendo do cenário.

Força de trabalho

De acordo com um estudo recente do FMI, se as mulheres estivessem trabalhando na mesma proporção que os homens, o PIB seria 34% maior no Egito, 27% maior na Índia e 5% maior nos Estados Unidos.

Aumentar a participação feminina na força de trabalho é ainda mais importante em países com população em declínio ou que envelhecem rapidamente. É o caso do Japão, onde esse virou um dos centros da política econômica do primeiro-ministro Shinzo Abe.

As estimativas da McKinsey são cerca de duas vezes maiores do que outras anteriores porque consideram uma perspectiva mais ampla de igualdade, dentro e fora do ambiente do trabalho: uma não existe sem a outra.

O relatório analisou 15 indicadores de gênero em 95 países. 40 deles tem níveis altos ou extremamente altos de desigualdade de gênero em pelo menos metade dos indicadores.

Mecanismos

A relação entre desigualdade de gênero e desenvolvimento econômico tem ganhado cada vez mais destaque e conta com o apoio de gente como Christine Lagarde, primeira mulher da história a dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI).

As mulheres são metade da população mas geram apenas 37% do PIB global. Esse número varia radicalmente - de 17% na Índia (país que tem mais a ganhar com a igualdade) até 40% na China e na América do Norte.

Isso ocorre por vários mecanismos. As mulheres fazem 75% do trabalho não pago (como cozinhar e cuidar dos idosos, não medidos pelas métricas clássicas) e estão desproporcionalmente representadas em empregos de meio período e setores de baixa produtividade.

Elas também ainda estão longe da igualdade plena em várias outras dimensões medidas pela McKinsey, como inclusão financeira e digital, participação política, proteção legal e contra a violência.

O relatório cita a nossa Lei Maria da Penha e o fato do Bolsa Família depositar o benefício para a mulher como exemplos positivos de formas do estado apoiar a inclusão feminina atráves de legislação e políticas sociais.

São Paulo - Quando se pensa em participação feminina na força de trabalho, os primeiros países que vêm à mente são aqueles ricos e conhecidos pela maior igualdade de gênero (como os nórdicos). Mas os dados surpreendem: na verdade, os quatro únicos países com uma proporção maior de mulheres do que de homens trabalhando ou procurando emprego são todos africanos, segundo um relatório recente do Fórum Econômico Mundial. Isso não significa que estes são os países onde as mulheres vivem melhor ou experimentam mais igualdade, e sim que não há uma relação direta entre renda per capita e participação feminina na força de trabalho.  A curva lembra um “U”: em países pobres, as mulheres precisam trabalhar por pura necessidade. Quando a renda (e a oferta de serviços públicos) melhora um pouco, elas podem sair do mercado de trabalho para se dedicar mais ao trabalho doméstico e aos filhos. Na medida que os níveis de renda avançam, a participação feminina volta a crescer – resultado de educação, baixa fertilidade, e acesso a serviços. Políticas governamentais e fatores culturais também contam muito, é claro.  Com 20 pontos percentuais de diferença entre a participação de homens e mulheres, o Brasil está no meio do caminho - pior do que Estados Unidos e Peru mas na frente de Chile, Itália e Japão. Veja o top 15:
  • 2. 1. Malawi

    2 /15(Getty Images)

  • Veja também

    Relação part. fem/masc1,05
    Participação das mulheres85%
    Participação dos homens81%
  • 3. 2. Moçambique

    3 /15(Getty Images)

  • Relação part. fem/masc1,04
    Participação das mulheres86%
    Participação dos homens83%
  • 4. 3. Ruanda

    4 /15(Getty Images)

    Relação part. fem/masc1,02
    Participação das mulheres88%
    Participação dos homens86%
  • 5. 4. Burundi

    5 /15(PWRDF/Flickr)

    Relação part. fem/masc1,02
    Participação das mulheres84%
    Participação dos homens83%
  • 6. 5. Laos

    6 /15(Brent Lewin/Bloomberg)

    Relação part. fem/masc0,99
    Participação das mulheres80%
    Participação dos homens81%
  • 7. 6. Tanzânia

    7 /15(Getty Images)

    Relação part. fem/masc0,99
    Participação das mulheres90%
    Participação dos homens91%
  • 8. 7. Madagascar

    8 /15(Mike Cohen/ Bloomberg News)

    Relação part. fem/masc0,97
    Participação das mulheres88%
    Participação dos homens91%
  • 9. 8. Uganda

    9 /15(Getty Images)

    Relação part. fem/masc0,96
    Participação das mulheres77%
    Participação dos homens80%
  • 10. 9. Gana

    10 /15(SXC.Hu)

    Relação part. fem/masc0,96
    Participação das mulheres69%
    Participação dos homens72%
  • 11. 11. Finlândia

    11 /15(OLIVIER MORIN/AFP/Getty Images)

    Relação part. fem/masc0,95
    Participação das mulheres73%
    Participação dos homens77%
  • 12. 14. Noruega

    12 /15(JOE KLAMAR/AFP/Getty Images)

    Relação part. fem/masc0,94
    Participação das mulheres76%
    Participação dos homens81%
  • 13. 15. Zimbábue

    13 /15(Kate Holt/Bloomberg News)

    Relação part. fem/masc0,93
    Participação das mulheres85%
    Participação dos homens91%
  • 14. 81. Brasil

    14 /15(Valter Campanato/ABr)

    Relação part. fem/masc0,76
    Participação das mulheres65%
    Participação dos homens85%
  • 15 /15(Getty Images)

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