Economia

Guerras comerciais custam bilhões de dólares aos EUA e à China em 2018

Disputa atingiu setores como o automobilístico, o de tecnologia e, acima de tudo, a agricultura

Presidente americano Donald Trump e presidente chinês Xi Jinping: prejuízo pode motivar acordo antes do fim do prazo, no dia 2 de março (Kevin Lamarque/File Photo/Reuters)

Presidente americano Donald Trump e presidente chinês Xi Jinping: prejuízo pode motivar acordo antes do fim do prazo, no dia 2 de março (Kevin Lamarque/File Photo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 29 de dezembro de 2018 às 14h53.

CHICAGO (Reuters) - A guerra comercial entre Estados Unidos e China resultou em bilhões de dólares em prejuízos para ambos os lados em 2018, atingindo setores como o automobilístico, tecnologia e, acima de tudo, agricultura.

Os amplos prejuízos causados com as tarifas comerciais destacados por vários economistas mostram que, embora setores especializados, como a indústria de processamento de soja norte-americana, tenham se beneficiado da disputa, ela teve um impacto prejudicial, no geral, sobre as duas maiores economias do mundo.

Os prejuízos podem dar ao presidente norte-americano, Donald Trump, e a seu colega chinês, Xi Jinping, a motivação para solucionar suas diferenças comerciais antes do fim do prazo, em 2 de março, embora as conversas entre as potências econômicas ainda possam retroceder.

As economias norte-americanas e chinesa perdem cada uma cerca de 2,9 bilhões de dólares por ano somente devido às tarifas de Pequim sobre a soja, milho, trigo e sorgo, disse o economista agrícola da Universidade de Purdue Wally Tyner.

A interrupção do comércio agrícola prejudica ambos os lados de forma particularmente ruim, porque a China é o maior importador de soja do mundo e ano passado contou com os EUA para prover o equivalente a 12 bilhões de dólares da oleaginosa.

A China tem comprado soja do Brasil, principalmente, depois da imposição de uma tarifa de 25 por cento sobre a soja norte-americana em julho, em retaliação às tarifas dos EUA sobre produtos chineses. O aumento da demanda levou a patamares recorde os prêmios da soja brasileira ante os contratos futuros da soja norte-americana negociados em Chicago, em um exemplo de como a guerra comercial reduz as vendas dos exportadores norte-americanos e eleva os custos dos importadores chineses.

"É um problema que está implorando por uma solução", disse Tyner. "É uma situação que gera perdas tanto para os Estados Unidos quanto para a China."

Os embarques totais de exportação agrícola para a China nos primeiros 10 meses de 2018 caíram 42 por cento em relação ao ano anterior, para cerca de 8,3 bilhões de dólares, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.

(Por Michael Hirtzer, Rajesh Kumar Singh, Tom Polansek, Ann Saphir, Humeyra Pamuk, David Lawder, Ben Klayman e Hallie Gu)

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