Guedes: o ministro ponderou que quem dá o timing para a realização efetiva das privatizações é a política (EDU ANDRADE/Ascom/ME/Flickr)
Reuters
Publicado em 27 de setembro de 2021 às 13h42.
Última atualização em 28 de setembro de 2021 às 10h11.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou nesta segunda-feira, 27, que o plano do governo para um horizonte de dez anos contempla privatizar as estatais de maneira irrestrita, incluindo a Petrobras e o Banco do Brasil.
Ao participar de evento promovido pela International Chamber of Commerce-ICC Brasil, ele afirmou que esse é um dos vetores "muito claros" para o futuro, assim como alterações no regime de Previdência.
"Se você pergunta: o que você gostaria de fazer nos próximos dez anos? Mudar o regime previdenciário para capitalização. O Brasil vai crescer 5% ao ano, em vez de crescer 2%, 3%", disse ele, pontuando que a reforma já feita pelo governo Jair Bolsonaro foi razoável, mas não transformadora.
"Qual o plano para os próximos dez anos? Continuar com as privatizações. Petrobras, Banco do Brasil, todo mundo entrando na fila, sendo vendido e isso sendo transformado em dividendos sociais", acrescentou.
Durante sua fala, contudo, o ministro ponderou que quem dá o timing para a realização efetiva das privatizações é a política.
"Eu chego aqui cheio de ideias e planos e sonhos. Agora é a política que comanda o processo todo. Ela pode travar, ela pode desacelerar, ela pode interromper", disse.
Ele avaliou ainda que o governo não andou "no ritmo que gostaríamos" quanto à promessa de se desfazer das empresas públicas.
Ainda assim, Guedes apontou que foram privatizados 240 bilhões de reais em dois anos e meio — cifra referente ao valor levantado com a venda de subsidiárias pelas estatais. Esses recursos não vão diretamente para a União, mas para as próprias empresas.
"As grandes vêm agora: Correios, Eletrobras, isso vem aí", afirmou Guedes.
Em relação à abertura da economia, o ministro avaliou que a pandemia de coronavírus atrasou processos que seriam implementados, mas reforçou que o Brasil está engajado na redução de 10% da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, com mais 10% sendo baixados no ano seguinte.
Ele admitiu que a Argentina é contra a investida, mas reforçou que é necessário modernizar o bloco comercial e que ele não pode ser "ferramenta de ideologia".
"Um dia a Argentina falou isso para os outros: Mercosul é como é, quem quiser que se retire. Nós vamos devolver isso para a Argentina: o Mercosul vai se modernizar e quem estiver incomodado que se retire", disse.
Guedes falou ainda sobre o lançamento de um plano de crescimento verde pelo governo, que contará com financiamento de 2,5 bilhões de dólares de bancos multilaterais, como o Novo Banco de Desenvolvimento (o banco do Brics), para investimento em infraestrutura.
"Devemos estar soltando esse novo modelo muito brevemente com participação do NDB, do Banco Mundial, do BNDES", afirmou.