Economia

Greve dos servidores federais pode receber adesões no Rio de Janeiro

As mobilizações ocorrem desde o final de maio, tendo maior participação das universidades federais

Campus da UFRJ, na Praia Vermelha, RJ: universidades federais continuam em greve (Wikimedia Commons)

Campus da UFRJ, na Praia Vermelha, RJ: universidades federais continuam em greve (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2012 às 20h16.

Rio de Janeiro – A mobilização dos servidores federais no estado do Rio de Janeiro, que varia da paralisação completa de atividades à interrupção de alguns serviços, tem aumentado nas últimas duas semanas com adesão de setores ligados às pastas da Cultura e da Fazenda. Representações dos trabalhadores prometem uma mobilização mais forte neste mês de julho, quando deve ser alterada a remuneração e a estrutura de diversas carreiras.

As categorias em greve ainda podem ganhar novas adesões. Desde hoje (02), por exemplo, o sindicato que representa os funcionários das agências reguladoras federais também decretou estado de greve, condição necessária para a paralisação de atividades.

As mobilizações ocorrem desde o final de maio, tendo maior participação das universidades federais. Segundo Vicente Oliveira do Carmo, sindicalista ligado ao Ministério da Cultura, “nós estamos na verdade construindo a greve com cada setor, por tempo indeterminado”.

Nos próximos dias, deve ser votada a Medida Provisória (MP) 568/2012, que reajusta salário dos servidores federais. Por causa de um erro que provocou redução de salários de médicos e profissionais da saúde, o governo prometeu correção no texto original. A MP é o item único para discussão na pauta da Câmara dos Deputados para esta semana. As categorias administrativas pedem reposição em torno de 22% de perdas salariais.


O principal sindicato da categoria no estado, o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Rio de Janeiro (Sintrasef), informou que 13 órgãos federais têm servidores participando das mobilizações. A entidade informou, por meio de sua assessoria, contar com uma base de cerca de cem mil servidores, entre ativos e inativos.

Segundo os sindicalistas, houve paralisação das atividades em órgãos como o Ministério da Agricultura, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e de servidores administrativos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), além de setores do Ministério da Saúde e do Ministério da Fazenda.

Há mobilização ainda no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), que decretou estado de greve, no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), com graus variados de adesão e suspensão de atividades.

O sindicato indicou ainda que os funcionários do Departamento do Fundo da Marinha Mercante decidirão sua posição nesta segunda-feira. A partir de amanhã, os funcionários administrativos do Arquivo Nacional pararão as atividades. Também nesta terça-feira, os servidores do Ministério da Cultura decidirão pela continuidade ou paralisação das atividades, a partir de reunião em Brasília.

O Ministério da Saúde e a Polícia Rodoviária Federal não confirmaram as paralisações. A assessoria do Ministério da Saúde informou apenas que, “devido à paralisação de parte da categoria dos servidores, os serviços de alguns ambulatórios foram interrompidos” no Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF).


O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou que a categoria não prevê mobilização ou suspensão de atividades para os próximos dias. Os médicos realizaram manifestações em maio e junho contra pontos da MP que alteram a remuneração da categoria.

Nas quatro universidades federais do estado, também há movimentos de paralisação, atingindo principalmente as atividades administrativas e de ensino. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (Sintuff), o Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap-UFF) mantém atendimento apenas para os serviços essenciais.

“A universidade está bastante esvaziada e a gente tem participado de ações com os funcionários da [Universidade Federal do Rio de Janeiro] UFRJ e da [Universidade Federal Estadual do Rio de Janeiro] UniRio. Há o entendimento de que, se não houver uma unificação destas greves, o governo vai continuar jogando duro e não apresentando nenhuma proposta junto às categorias”, afirmou Marcello Bertolo, assessor de imprensa do Sintuff.

Segundo a professora Elisabeth Orletti, do comando de greve da UniRio, há manifestações previstas com a participação das três instituições de ensino federal para esta semana, além de atividades para angariar fundos. A docente afirma que o movimento também tem conversado com os representantes dos servidores federais não ligados às universidades, com resultados expressivos.

De acordo com a professora da UniRio, 80% da universidade estão parados e o calendário acadêmico foi suspenso. “Seguimos com a greve mais forte, pressionando o governo Dilma a retomar as negociações”, informou Elisabeth. Segundo ela, as atividades dos servidores estão paralisadas por tempo indeterminado.

Segundo a administração da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), as atividades de pesquisa seguem normais, ao passo que o Hospital Veterinário, pertencente à instituição, está paralisado há duas semanas. A assessoria de imprensa da UniRio informou não haver paralisação no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, segundo decisão dos próprios servidores, e que há cursos funcionando e outros parados.

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