Gregos intensificam protestos; euro cai por temores
Protestos que estão paralisando a Grécia vão de encontro às rígidas medidas de austeridade tomadas pelo governo para garantir assistência financeira
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2010 às 09h31.
Atenas/Londres - A Grécia deve ser paralisada nesta quarta-feira com a intensificação de protestos contra as rígidas medidas de austeridade tomadas pelo governo para garantir assistência financeira, mandando as bolsas de valores globais e o euro para baixo e incitando ansiedade sobre a contaminação de outros países da União Europeia pela crise de dívida.
"Quem será o próximo" é a questão pairando sobre os mercados, que não se convenceram de que o pacote de resgate recorde de 110 bilhões de euros da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) à Grécia impedirá que seus problemas econômicos se espalhem para outras nações vulneráveis da zona do euro, como Espanha e Portugal.
"Sempre há risco de contágio", disse o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn.
"Portugal foi mencionado, mas já está tomando medidas, e outros países estão em uma situação muito mais sólida. Nós temos de ter sucesso em evitar o contágio... mas nós devemos continuar vigilantes", disse Strauss-Kahn ao jornal francês Le Parisien.
"Não há risco real para a França, Alemanha, ou outros grandes países europeus."
O ministro das Finanças finlandês, Jyrki Katainen, foi mais além, dizendo a uma rede de televisão local: "Nossas economias estão tão ligadas que o risco de que os problemas se espalhem de um país para outro é muito alto".
O euro caiu ao menor valor em um ano, a 1,2936 dólar, nesta quarta-feira, e as bolsas de valores asiáticas recuavam após a forte queda no mercado norte-americano no dia anterior.
O prêmio de risco dos bônus gregos, portugueses e espanhóis disparavam em meio a especulações de uma possível reestruturação da dívida grega.
"O que nós estamos vendo hoje é um efeito de contágio financeiro muito clássico", disse Sebastian Barbe, chefe de estratégia para mercados emergentes do Crédit Agricole, em Hong Kong.
"Isso é porque o mercado ainda está operando em alguns problemas de dívida soberana fora da Europa, e, para o curto prazo, isso pode continuar por algum tempo."