Economia

Grau de abertura do Brasil é ridículo, diz Gustavo Franco

Ex-presidente do BC citou o isolacionismo, com políticas de substituição de produtos importados, entre os vetores que conduziram o país à situação atual

Gustavo Franco: "Estamos nesse campo no terrenos do vexame e precisamos sair o mais rápido" (Reprodução/Exame)

Gustavo Franco: "Estamos nesse campo no terrenos do vexame e precisamos sair o mais rápido" (Reprodução/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de julho de 2018 às 16h58.

Última atualização em 4 de julho de 2018 às 18h59.

São Paulo - O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, coordenador do programa econômico do pré-candidato João Amoêdo (Partido Novo), classificou como "ridículo" o grau de abertura comercial do Brasil.

O economista aproveitou ainda um fórum organizado pela Gazeta do Povo para criticar a proposta de abertura gradual da economia, atribuída ao assessor econômico da pré-candidatura do PSDB, Roberto Giannetti da Fonseca.

"Hoje o Brasil tem grau de abertura ridículo. Em qualquer escala de comparação entre países, somos os últimos. Pena que ele não está aqui, mas se fizer abertura gradual que o Roberto Giannetti quer fazer, seguiremos em último", comentou Franco. "Estamos nesse campo no terrenos do vexame e precisamos sair o mais rápido", acrescentou ele.

Giannetti participaria do debate com Franco, mas, conforme informaram os organizadores, não compareceu por participar hoje de um evento de pré-campanha do tucano Geraldo Alckmin.

O ex-presidente do BC, que foi um dos formuladores do Plano Real, citou o isolacionismo, com políticas de substituição de produtos importados, entre os vetores que conduziram o País à situação atual. Fez ainda comparações entre o padrão de desenvolvimento do Brasil com o da Coreia do Sul, país que se integrou à economia global.

Segundo Franco, até os anos 80, a renda per capta dos brasileiros e sul-coreanos equivalia a 20% da renda per capta norte-americana. Hoje, a renda per capta sul-coreana passa de 60% da renda per capta dos Estados Unidos, enquanto o Brasil continua no patamar de 20%.

Durante sua participação no fórum, Franco voltou a defender os cortes nos gastos públicos como o caminho para o País voltar a ter equilíbrio fiscal. Repetiu que o Brasil teve um período econômico positivo quando o governo praticou austeridade fiscal, citando que, a partir de 1998, houve 12 anos de superávit primário de 3,5%. "Não tem ideologia em fazer conta e gerar caixa para pagar dívida", declarou.

Franco disse ainda que o MDB e o presidente Michel Temer não têm tradição e afinidade com a pauta liberal, defendida por seu partido, o Novo. "São liberais de aluguel", atacou o economista, acrescentando que as reformas apresentadas pelo governo Temer tiveram "ambições reduzidas" nas negociações com o Congresso.

Também aguardado no evento, o economista Mauro Benevides Filho, assessor de Ciro Gomes (PDT), cancelou participação por conta de um problema de saúde, segundo os organizadores.

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