Governo poderá gastar R$ 89 bilhões a mais em ano eleitoral
A diferença se deve ao que foi executado em 2017 e o que está permitido na Lei Orçamentária Anual de 2018
João Pedro Caleiro
Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 13h52.
Última atualização em 30 de janeiro de 2018 às 13h59.
Mesmo apresentando o segundo maior déficit da história, um rombo de R$ 124,4 bilhões em 2017, o resultado do governo central conseguiu ser melhor do que o esperado.
O governo segurou as despesas ao longo do ano e conseguiu fechar 2017 gastando menos do que os R$ 159 bi permitidos pela legislação.
Num cenário de restrição fiscal, esse feito no ano passado abriu um espaço de R$ 89 bilhões para gastos em ano eleitoral.A diferença se deve ao que foi executado em 2017 e o que está permitido na Lei Orçamentária Anual de 2018.
O resultado do ano passado não deve ser comemorado. Os números apresentados pelo Tesouro só não são piores do que os apresentados no ano passado.
Os gastos com a Previdência Social e com folha de pagamento do governo são tão grandes que a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, afirmou que, mesmo que o governo não tivesse despesas discricionárias, os gastos obrigatórios já seriam suficientes para resultar em um déficit fiscal.
Mesmo apresentando um resultado melhor, a previsão para 2018 ainda é de um déficit de R$ 159 bilhões. Mas Vescovi garante que “qualquer receita maior em 2018 não abre espaço para gasto”.
Os desafios do Tesouro são crescentes. Além de lidar com mais um rombo fiscal, o governo deverá apresentar, até o final da semana, o primeiro contingenciamento do orçamento de 2018. Isso porque o judiciário não permitiu o adiamento do reajuste dos servidores.
Ainda em 2017, o governo precisará enfrentar outros temas. Diante da falta de recursos para cumprir a regra de ouro, o Tesouro apresentou quatro medidas para solucionar o problema de 2018.
Além da devolução de R$ 130 bilhões do BNDES, que já tinha sido anunciada pelo governo e é dada como certa pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a secretária do Tesouro sugeriu a revisão de restos a pagar não processados, que podem render mais R$ 48 bilhões para 2018 e a extinção de fundos, que podem agregar outros R$ 46 bilhões.
A última medida apresentada, e a única que depende do Tribunal de Contas da União, trata do desejo do governo de desvincular superávits de exercícios anteriores. Como a mais incerta das propostas, Vescovi não quis se comprometer com números.
Apesar de tantas medidas, o governo ainda não garante que elas serão suficientes para que a regra de ouro seja cumprida em 2019. O governo tem até agosto para encontrar receitas suficientes para garantir a regra, ou está sujeito a descumprir uma das suas mais antigas metas, prevista já na Constituição.