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Governo e economia reduzem competitividade do Brasil

Em 2005, país caiu uma posição no ranking das nações mais competitivas do mundo, elaborado por instituto suíço

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h36.

O fraco crescimento econômico, expresso pela expansão de 2,3% do PIB, e a inoperância e burocracia públicas fizeram o Brasil perder uma posição no ranking mundial de competitividade no ano passado. O país ocupou o 52º lugar, entre 53 nações e oito regiões - estados e províncias que são analisados à parte - monitoradas desde os anos 80 pelo International Institute for Management Development (IMD). Na pesquisa anterior, o país havia avançado duas posições, ficando em 51º.

Sediado na Suíça, o IMD baseia-se em 312 indicadores quantitativos e qualitativos para compor a competitividade de cada país. Os resultados são agrupados em quatro categorias: desempenho econômico, eficiência empresarial, eficiência governamental, e infra-estrutura. Todos os países recebem também classificações específicas para cada categoria. No caso brasileiro, os maiores retrocessos ocorreram na perfomance econômica, na qual o país recuou da 33ª para a 43ª posição, e na eficiência empresarial, em que o recuo foi do 31º para o 42º lugar.

Segundo o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral - responsável pelo levantamento dos dados no Brasil - a deterioração desses indicadores tem dois motivos em comum. O primeiro foi o fraco desempenho econômico do país no ano passado. O segundo foi a piora do cenário político-institucional, com a eclosão do escândalo do mensalão e a paralisação dos projetos do Executivo que tramitavam no Congresso.

"O resultado do PIB afeta tanto a perfomance econômica do país, quanto a eficiência empresarial", afirma Arruda. No primeiro caso, a tímida geração de riquezas prejudicou sobretudo o mercado interno, item em que o país sofreu um rebaixamento de 13 posições, caindo da 47ª para a 60ª. Entre os itens considerados na perfomance econômica, o único que teve desempenho positivo foi o controle de preços, no qual o país avançou 13 posições, para 21º lugar.

Já o reflexo do pouco crescimento econômico sobre a eficiência empresarial é sentido em vários itens, segundo Arruda, como a queda da produtividade - quesito em que o país recuou da 46ª para a 53ª posição -, e mercado de trabalho, no qual houve uma das maiores quedas - de 10º para 35º lugar.

Peso do governo

Arruda reconhece que o governo marcou pontos na política econômica, com a redução da relação dívida/PIB, o controle da inflação e a austeridade fiscal. Tanto que, no quesito finanças públicas, o país avançou da 47ª para a 43ª posição. Mas essas conquistas foram ofuscadas pelo outro lado do Estado brasileiro - a grande burocracia; a inoperância das instituições, como o Judiciário e o Legislativo; a falta de marcos regulatórios claros; e, no caso específico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a crise política em que sua equipe se meteu.

"O preocupante é que, quando agrupados, os dados de eficiência do governo continuam caindo", afirma Arruda. Desde 2002, segundo a pesquisa, a eficiência pública perdeu cerca de 20 posições, situando-se agora no 59º lugar entre os países e regiões pesquisados.

O relatório deste ano não traz mudanças nas primeiras colocações. Os Estados Unidos continuam como a nação mais competitiva do mundo, seguidos por Hong Kong, Cingapura e Islândia. A Dinamarca subiu duas posições e agora ocupa o quinto lugar.

O que já é praticamente um lugar comum no cenário internacional repetiu-se também na pesquisa do IMD. Os dois destaques foram o forte avanço da China e da Índia. Os chineses galgaram 12 posições e tornaram-se a 19ª nação mais competitiva do mundo em 2005. Já a Índia conquistou 10 lugares e ficou em 29º. Além de apresentarem bons indicadores econômicos e melhorarem em quesitos como competitividade empresarial, os dois países também se destacaram pelos investimentos em educação, ciência e tecnologia. "O Brasil não está investindo na área, o que é preocupante, porque a inovação é a alavanca do futuro", diz Arruda.

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