Economia

Governo cubano quer "correr riscos" para atrair investimentos estrangeiros

Para o seu desenvolvimento econômico, país necessita atrair anualmente cerca de US$ 2,5 bilhões em investimentos estrangeiros diretos

Miguel Díaz-Canel: "É preciso ser criativo e correr riscos, sem afetar a nossa soberania" (Marco Bello/Reuters)

Miguel Díaz-Canel: "É preciso ser criativo e correr riscos, sem afetar a nossa soberania" (Marco Bello/Reuters)

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EFE

Publicado em 21 de junho de 2018 às 15h28.

Havana - O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, pediu a seu governo que "corra riscos" e insistiu em "dar um impulso maior aos investimentos estrangeiros" para garantir o desenvolvimento econômico do país, cujas finanças atravessam um momento complicado.

"É preciso ser criativo e correr riscos, sem afetar a nossa soberania", indicou o presidente durante uma reunião do Conselho de Ministros realizada no início desta semana, a terceira que ele lidera desde sua chegada ao poder em abril, segundo publicaram nesta quinta-feira os veículos de imprensa estatais da ilha.

O principal órgão executivo e administrativo de Cuba decidiu que supervisionará a cada mês, caso por caso, "as exportações e os negócios com investimentos estrangeiros, assim como a gestão e execução dos créditos vindos do exterior", diz o relatório oficial da reunião.

Assim, o governo cubano quer enfrentar os impedimentos burocráticos e legais que dificultam ou impedem os investimentos estrangeiros e que desincentivam os potenciais investidores, segundo reconheceram reiteradamente as autoridades da ilha.

Para o seu desenvolvimento econômico, Cuba necessita atrair anualmente cerca de US$ 2,5 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, principalmente em 15 setores-chave como o industrial, o agroalimentar, o turismo, a mineração, a biotecnologia, o petróleo e as energias renováveis, segundo estimativas oficiais.

Os ministros também avaliaram em sua reunião os resultados econômicos do primeiro trimestre, assim como a situação atual do orçamento, as exportações e os créditos externos.

Embora estime um desempenho "aceitável" da economia cubana, o Conselho advertiu sobre os lastros para seu rendimento, desde o embargo dos EUA até "fatores de caráter subjetivo e organizacional que limitam as exportações, o uso dos créditos e a atração de investimentos estrangeiros".

A Política para o Investimento Estrangeiro, aprovada em 2014, impôs um novo marco regulador que permitiu aumentar os investimentos com capital vindo de fora do país.

No entanto, o Conselho de Ministros alertou em sua reunião desta semana de que os investimentos estrangeiros ainda têm "um peso muito baixo" em relação ao total de investimentos (estatais) de Cuba.

A carteira de negócios cubanos para capital estrangeiro inclui - em sua quarta versão atualizada - 456 projetos por um montante superior a US$ 10,7 bilhões.

Muitos desses projetos são oferecidos dentro da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel (ZEDM), o programa mais ambicioso do país caribenho para atrair capital estrangeiro e que oferece condições fiscais e trabalhistas vantajosas para empresas do exterior.

Com este centro empresarial e porto mercante situado 45 quilômetros ao leste de Havana, Cuba assegurou mais de US$ 1,191 bilhão desde a sua apresentação oficial em 2013.

Quanto aos investimentos em nível nacional, Díaz-Canel enfatizou a necessidade de priorizar os que têm "impacto produtivo", como os relacionados com o turismo e a indústria alimentícia e para melhorar a produção agrícola.

O Conselho de Ministros também avaliou, sem oferecer números concretos, que no primeiro trimestre do ano foram registrados "aumentos moderados no setor de construção e comércio" e "realizações favoráveis nas principais produções agrícolas", bem como avanços no setor turístico, ao ultrapassar o número de 2 milhões de visitantes.

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