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Governo Bolsonaro é menos liberal do que diz ser, afirmam Pérsio e Armínio

Segundo os ex-presidentes do BC, não é privatização que está em curso e, sim, uma simples reorientação dos recursos das subsidiárias para as estatais

Pérsio Arida, economista: "Só teremos verdadeiramente privatizações quando forem privatizadas as grandes estatais" (Foto/Exame)
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Natália Flach

Publicado em 28 de janeiro de 2020 às 19h21.

Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 15h56.

São Paulo - O liberalismo é mais discurso do que prática no governo Bolsonaro . Essa é a opinião dos ex-presidentes do Banco Central Pérsio Arida e Armínio Fraga.

"O governo é menos liberal do que diz ser, o que temos são apenas vacilações de uma política verdadeiramente liberal", afirmou Arida, nesta terça-feira (28), no evento do Credit Suisse, em São Paulo. "Concordo, o governo realmente não é tão liberal assim", completou Fraga.

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Um dos motivos para a crítica é como está se dando o processo de "privatização" em curso no Brasil. Arida lembra que, quando uma estatal é privatizada, o dinheiro vai para o Tesouro Nacional. Já no caso das subsidiárias, como vem ocorrendo, os recursos são destinados para a estatal "mãe".

"Então, o que se tem é apenas uma reorganização do dinheiro. Só teremos verdadeiramente privatizações quando forem privatizadas as grandes estatais", disse.

Outro exemplo citado foi o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as mudanças do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O argumento é que os fundos foram criados em um momento que o país não dispunha de crédito privado.

"Agora, não há qualquer razão para existir", disse Pérsio. "O que vemos é uma redução do FGTS com saque-aniversário - para estimular a economia que está fraca -, mas não acabou. Olha para o mercado imobiliário, vemos crédito impulsionando o crescimento do setor."

Sobre o FAT, ele diz que é "uma bizarrice de empréstimo que não é pago nunca, o BNDES só paga os juros".

Fraga comentou ainda que, apesar de a bolsa brasileira estar nas máximas históricas, o dinheiro dos grandes investidores internacionais ainda não veio para o Brasil.

"Acho que isso tem a ver com confiança. Com uma verdadeira reforma do Estado, o país tem potencial de crescer 4% ao ano, não 2% como dizem no mercado. Mas para isso precisamos de mais organização social, política e cultural", acrescentou.

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