Economia

Funcionários da Petrobras dizem que leilão empobreceu país

De acordo com presidente da Federação Única dos Petroleiros, após o leilão, o país ficou, "na melhor das hipóteses", com 40% da riqueza petrolífera


	Prédio da Petrobras no Rio de Janeiro: funcionários da Petrobras decidiram manter paralisação depois que governo se absteve de suspender leilão
 (Tânia Rego/ABr)

Prédio da Petrobras no Rio de Janeiro: funcionários da Petrobras decidiram manter paralisação depois que governo se absteve de suspender leilão (Tânia Rego/ABr)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2013 às 19h28.

Rio de Janeiro - Os funcionários da Petrobras afirmaram nesta segunda-feira que o Brasil ficou mais pobre após leiloar a um consórcio integrado por cinco empresas os direitos para a exploração do campo de Libra, a maior reserva de petróleo já descoberta no país.

"O país antes do leilão era 100% dono de um dos maiores campos de petróleo já descobertos no mundo. Agora o povo brasileiro está 60% mais pobre", disse João Antonio de Moraes, presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), citado em comunicado divulgado pela central sindical que agrupa a maioria dos funcionários da Petrobras.

De acordo com o líder sindical, após o leilão, o país ficou, "na melhor das hipóteses", com 40% da riqueza petrolífera, já que essa é a participação da estatal no consórcio que adquiriu a licitação.

O consórcio vencedor do leilão realizado hoje no Rio de Janeiro, o único que apresentou uma oferta, é integrado, além da Petrobras, pela francesa Total (20%), a anglo-holandesa Shell (20%) e as chinesas China National Corporation (10%) e China National Offshore Oil Corporation (10%).

A Petrobras tinha garantida por lei uma participação de 30%, que elevou a 40% nas negociações com os outros sócios.

"A entrega de 60% do campo de Libra para as multinacionais é um dos maiores crimes contra a soberania do país. Um dia triste para o povo brasileiro", assegurou Moraes, que lamentou que o governo tivesse prosseguido com a licitação apesar das manifestações contrárias de diferentes organizações sociais e dos sindicatos do setor petroleiro.

Os funcionários da Petrobras, que realizam desde a quinta-feira passada uma greve que conta com uma adesão de mais de 90%, decidiram manter a paralisação depois que o governo se absteve de suspender o leilão, que era uma de suas reivindicações.

Outra das exigências dos grevistas é um aumento salarial de 12,86%. A Petrobras elevou hoje sua proposta de reajuste salarial de 7,68% para 8%, mas a FUP rejeitou a oferta e manteve a paralisação.

O consórcio que adquiriu os direitos para explorar Libra se comprometeu a entregar à União 41,65% do petróleo excedente, ou seja, o que sobra uma vez descontados os custos de produção, o que representa o mínimo exigido nas regras do leilão.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o país arrecadará cerca de R$ 1 trilhão nos 35 anos do contrato, somando os royalties, a cessão de petróleo e outras taxas.

Para a ANP, se forem levados em conta os impostos e a participação que corresponde a Petrobras no consórcio, 80% das receitas geradas por Libra ficarão nas mãos do Estado.

A FUP, no entanto, alega que "uma manobra realizada pela ANP no edital da licitação" pode reduzir para 14,58% a participação do Estado nas riquezas de Libra.

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