Economia

FMI reitera preocupação com desafios na América Latina

Após uma década de progresso constante, a desaceleração contínua da região revelou desafios que exigem reformas estruturais, dizem especialistas


	FMI: o horizonte próximo é especialmente sombrio para a América do Sul, diz especialista
 (Bloomberg)

FMI: o horizonte próximo é especialmente sombrio para a América do Sul, diz especialista (Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2015 às 17h50.

Washington - A desaceleração contínua da América Latina, após uma década de progresso constante, revelou desafios que não são nada simples e exigem reformas estruturais que impulsionem o modelo atual, considerado insuficiente no novo contexto de fraqueza global, segundo especialistas que participaram de uma conferência na sede do FMI nesta segunda-feira.

Na abertura da conferência de alto nível, o "número dois" do Fundo Monetário Internacional (FMI), David Lipton, assinalou que os desafios "não são triviais", por combinar elementos domésticos e externos, entre os quais citou o arrefecimento da China e os baixos preços das matérias-primas.

"Pelo quinto ano consecutivo o ritmo de atividade econômica na região diminuiu", explicou Lipton, ao citar as últimas previsões do organismo, divulgadas em abril, que indicam um crescimento para a América Latina de apenas 0,9% este ano e 2% para o ano que vem.

Ele ressaltou que o horizonte próximo é especialmente sombrio para a América do Sul, onde se observa "uma perda de impulso e a contração de três de suas maiores economias neste ano".

Já as previsões para a região centro-americana e o Caribe, assim como a do México, são um pouco mais otimistas, pois aproveitarão seus estreitos vínculos com a economia americana, que está em sólida recuperação, através do "comércio, do turismo e das remessas".

Por sua vez, Guillermo Ortiz, ex-governador do Banco do México, se aprofundou nesta ideia de dupla velocidade regional, por a América do Sul contar com uma relação mais estreita e dependente da China, que nos últimos anos mostrou sinais de arrefecimento.

Enquanto isso, destacou Ortiz, os países que estão mais ao norte estão conseguindo aproveitar o puxão do crescimento nos Estados Unidos.

Ele elogiou as reformas estruturais aprovadas pelo México recentemente, mas sustentou que o desafio agora está em sua aplicação, o que porá a confiabilidade e a eficiência das instituições mexicanas à prova.

Outro indicador que começa a mostrar sinais de fragilidade é a diminuição no nível de investimento direto estrangeiro na América Latina, que caiu 16% em 2014, a primeira vez desde 2009, segundo recentes dados da Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil, assinalou que isto é um "grave problema vinculado à queda da confiança, aspecto fácil de perder e complicado de recuperar".

O Brasil é um dos países que mais tem gerado preocupação nos mercados internacionais, por ter sido uma das locomotivas emergentes nos últimos anos, por estar agora imerso em uma forte freada econômica combinada com um grande desequilíbrio fiscal que obrigou o governo a fazer um ajuste significativo.

De maneira geral, Lipton, que ocupou no evento o lugar da diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, pois ela teve que viajar à Europa para outras reuniões, enumerou a lista de necessidades da região: melhor infraestrutura, facilitar o clima de negócios, diversificar as capacidades produtivas e fortalecer as instituições e o estado de direito.

O evento faz parte das atividades prévias do FMI e do Banco Mundial (BM) para a assembleia anual dos organismos que acontecerá em Lima, no Peru, entre 9 e 11 de outubro, o retorno das instituições à América Latina depois de mais de meio século, quando se reunirão os principais líderes e autoridades econômicas globais. 

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