Economia

FMI reclama por falta de informação sobre a Venezuela

A Venezuela não cumpriu a obrigação de proporcionar, dentro do prazo requerido

Maduro: presidente do país ordenou refinanciar e reestruturar todos os pagamentos externos (Ueslei Marcelino/Reuters)

Maduro: presidente do país ordenou refinanciar e reestruturar todos os pagamentos externos (Ueslei Marcelino/Reuters)

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EFE

Publicado em 4 de novembro de 2017 às 11h17.

Washington, 3 nov (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) reclamou nesta sexta-feira por causa da falta de informação das autoridades da Venezuela sobre o desempenho da economia do país, imerso em uma grave recessão que não apresenta sinais de recuperação.

A Venezuela não cumpriu a obrigação de proporcionar, dentro do prazo requerido, "certos dados sobre as operações do instituto de seguridade social e sobre as exportações e importações totais de mercadorias, expressando o seu valor em moeda local, por países de destino e de origem", indicou o Diretório Executivo do FMI.

O Diretório Executivo do órgão se reuniu nesta sexta-feira em Washington para discutir um relatório sobre esta questão apresentada pela diretora-gerente, Christine Lagard, após o qual aprovou uma decisão que constata o descumprimento da Venezuela de suas obrigações em virtude do Convênio Constitutivo do FMI.

"Proporcionar estes dados, além de outros indicadores econômicos fundamentais, é uma obrigação de todos os membros do Fundo para permitir o monitoramento efetivo da evolução macroeconômica em cada país", assim como os seus efeitos em outros, explicou a entidade.

No último relatório de atualização das suas perspectivas econômicas, o FMI afirmou em meados de outubro que a Venezuela está "imersa em uma grave crise econômica, humanitária e política sem solução à vista", e projetou uma queda de 35% do produto interno bruto (PIB) entre 2014 e 2017 e "uma economia encaminhada para a hiperinflação".

No entanto, antecipou que os efeitos econômicos da crise venezuelana nos países da região serão "mínimos" devido aos limitados vínculos comerciais existentes, mas acrescentou que o principal risco é "a crise humanitária e a conseguinte migração de cidadãos venezuelanos a países vizinhos".

O Diretório Executivo do FMI instou a Venezuela a adotar medidas corretivas específicas e anunciou que se reunirá dentro de seis meses para avaliar os avanços nestas obrigações.

"O Diretório Executivo mantém a esperança que a decisão encoraje as autoridades venezuelanas a voltarem a se comprometer com o Fundo mediante o fornecimento de dados oportunos e regulares", disse o órgão.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na quinta-feira que ordenou refinanciar e reestruturar "todos os pagamentos externos" do país, mas garantiu que pagará os US$ 1.121 bilhões que hoje começou a pagar aos credores de um dos bônus da estatal Petroleos de Venezuela (PDVSA).

A Venezuela, que há mais de dez anos não se submete à avaliação econômica anual do FMI através do chamado Artigo IV, se encontra imersa em uma espiral de deterioração com uma contração econômica que o organismo calcula em 12% do PIB para este ano e uma inflação que alcançará 652,7% em 2017 e 2.349,3% no próximo ano. EFE

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