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FMI: inflação da zona do euro só deve retornar à meta na zona do euro em meados de 2025

Segundo a instituição, o banco central do bloco deve continuar o aperto da política monetária até um nível suficientemente restritivo

"Estas ações serão necessárias para manter as expectativas inflacionárias ancoradas e conquistar o retorno à meta de forma sustentada" (Yuri Gripas/Reuters)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 16 de junho de 2023 às 10h02.

A inflação na zona do euro tem desacelerado, porém continua "persistentemente alta" e só deve retornar à meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE) em meados de 2025, avalia o Fundo Monetário Internacional ( FMI ), em relatório divulgado nesta sexta-feira.

Segundo a instituição, o banco central do bloco deve continuar o aperto da política monetária até um nível suficientemente restritivo e manter as taxas por um período prolongado para que este cenário se realize.

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"Estas ações serão necessárias para manter as expectativas inflacionárias ancoradas e conquistar o retorno à meta de forma sustentada", aponta o relatório, considerando que a redução da inflação também dependeria da moderação no crescimento de salários e preços de importação.

Desta forma, o BCE poderia manter a flexibilidade e dependência de dados a cada decisão, mudando o curso conforme for necessário nos próximos anos.Na visão do FMI, a inflação desacelerou de maneira acentuada desde o quarto trimestre de 2022, com a redução nos preços de energia. A persistência observada no núcleo, que exclui itens voláteis, reflete agora o atraso na transmissão dos preços mais baixos de energia e commodities para os consumidores, enquanto empresas tentam proteger ou ampliar ganhos.

Os riscos de alta da inflação, contudo, são apenas uma parte das elevadas incertezas que a zona do euro enfrenta. De acordo com o relatório, o bloco também corre riscos de baixa no crescimento da atividade econômica, embora este seja o cenário menos provável.

Projeção do FMI

O FMI projeta que o crescimento da zona do euro volte acelerar gradualmente em 2023 e 2024, depois do Produto Interno Bruto (PIB) registrar "enfraquecimento considerável" no final do ano passado e entrar em recessão técnica no primeiro trimestre deste ano.

"O crescimento será apoiado pela recuperação lenta na renda real, pelo arrefecimento nas pressões de oferta e pela demanda externa firme", prevê a instituição. Neste cenário, os riscos ao crescimento estão atrelados à inflação, possibilidade de desaceleração econômica nos Estados Unidos e na China - as duas maiores economias do planeta e principais parceiras comerciais da União Europeia - ou de renovação das turbulências bancárias.

Todos estes fatores poderiam pesar sobre a demanda doméstica ou externa e, assim, prejudicar a atividade econômica europeia.

O FMI ressalta que o sistema bancário europeu tem demonstrado resiliência, mas alerta que o aperto monetário para controlar a inflação pode expor novas vulnerabilidades. A instituição recomenda testes de estresse contínuos e monitoramento do crédito bancário, taxas de juros e riscos de liquidez, inclusive sobre bancos "pouco significantes".

Além disso, o documento reforça a importância da implementação completa da Basileia III à medida que "eventos fora da Europa apontam para o perigo da implementação seletiva de regulações bancárias".

Políticas fiscais

Entre as prioridades para recuperação econômica do bloco, o FMI elenca como destaque a necessidade de um acordo e de reformas relativas à governança fiscal na União Europeia, tendo em vista o crescimento acentuado da dívida pública desde 2020.

"A proposta legislativa da Comissão Europeia para a reforma de governança econômica promoveria de forma apropriada um ajuste fiscal de médio prazo diferenciado e baseado no risco", pontua o documento.

A instituição também recomenda a criação de um Conselho Fiscal Europeu Independente para adicionar credibilidade ao processo, fortalecendo a estrutura de estabilização macroeconômica e provisão de bens públicos. "É vital que se chegue logo a um acordo para que a nova estrutura possa ancorar as políticas fiscais em 2025 e além", conclui o FMI.

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