Economia

FMI aponta estagnação na América Latina e aumento do risco regional

PIB real per capita da região diminuiu 0,6% ao ano, em média, entre 2014 e 2019

FMI: protestos em países latinos fizeram a instituição reduzir a previsão de crescimento (Marcos Brindicci/Reuters)

FMI: protestos em países latinos fizeram a instituição reduzir a previsão de crescimento (Marcos Brindicci/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 15h29.

Última atualização em 30 de janeiro de 2020 às 09h42.

São Paulo — O Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou nesta quarta-feira que a economia da América Latina estagnou em 2019, e alertou para um aumento do risco regional, de acordo com uma atualização de suas previsões.

O diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner, estimou no relatório que o cenário atual apresenta novos desafios e a urgência de uma reativação.

"De fato, o PIB real per capita da região diminuiu 0,6% ao ano, em média, durante o período 2014-2019", disse o economista, destacando o contraste com um aumento de 2% durante o período de expansão das matérias-primas entre 2000 e 2013.

Em seu relatório publicado na semana passada, o FMI reduziu sua previsão de crescimento para a América Latina em 0,2 pontos percentuais, para 1,6% em 2020, devido aos protestos no Chile e investimentos fracos no México.

Essas projeções são apresentadas em um contexto em que a entidade reduziu sua expectativa de crescimento global para este ano em um décimo de ponto.

No caso do Chile, a organização reduziu as previsões de crescimento para 2020 para 0,9%, uma queda acentuada em relação às previsões feitas em outubro - antes do início dos protestos - quando o FMI projetou uma expansão de 3% para este ano.

No entanto, o FMI previu que a atividade econômica chilena deve se recuperar "gradualmente", sustentada por uma expansão fiscal significativa e uma política monetária mais frouxa.

Para a entidade multilateral com sede em Washington, as causas das tensões sociais que também afetaram o Equador e a Colômbia variam de um país para outro, mas em geral refletem a "insatisfação com certos aspectos dos sistemas econômicos e políticos".

"Uma prioridade fundamental para o futuro é reativar o crescimento e torná-lo mais inclusivo, mantendo a estabilidade macroeconômica", afirmou.

Para Werner, a "falta de ímpeto" se deve, por um lado, a fatores estruturais, como falta de investimentos, aumento lento da produtividade e um clima que não favorece os negócios.

O FMI também atribuiu a fraqueza a condições cíclicas, como baixo nível de crescimento mundial, preços de commodities, forte incerteza e "tensão social" em alguns países.

Werner enfatizou que o crescimento potencial permanece "impedido por problemas estruturais persistentes", citando forte endividamento público, sistemas financeiros mais fracos, altos níveis de desemprego e vulnerabilidade a flutuações das matérias-primas.

"A exposição da região aos riscos climáticos continua exigindo a adoção de políticas firmes", alertou o FMI no relatório.

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