Economia

Fim do IPI diminuiu intenção de consumo no 2º tri, diz CNC

Levantamento mostra que porcentual de endividados ficou em 54,0% em junho, o menor do ano

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.

Rio de Janeiro- O fim dos incentivos fiscais iniciados pelo governo no ano passado, como a redução de Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) em bens duráveis como produtos de linha branca e automóveis, diminuiu a intenção de consumo no segundo trimestre deste ano. Mas em compensação, a antecipação de compras provocada pelos benefícios fiscais no ano passado levou o consumidor a torna-se mais cauteloso com novas dívidas em 2010 - o que levou a diminuição na quantidade de famílias endividadas em junho. A análise é do chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Carlos Thadeu de Freitas. "Mesmo sem o IPI, o ritmo de consumo continua forte este ano", acrescentou o economista.

Nesta terça-feira, 22, a CNC divulgou dois levantamentos: as pesquisas nacionais de Intenção de Consumo das Famílias (ICF-Nacional) e de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC- Nacional). O universo dos levantamentos abrange 17.800 consumidores em todo o País. Na primeira pesquisa, o indicador de intenção de consumo das famílias, em uma escala de 0 a 200 pontos, recuou de 134,9 pontos para 132,2 pontos, do primeiro para o segundo trimestre deste ano, o que representou uma queda de 2,0% no período.

Na prática, segundo o economista da CNC Fábio Bentes, o resultado de retração foi fortemente influenciado por comparação com base elevada, referente ao primeiro trimestre de 2010, quando a redução do IPI ainda estava em vigor, em alguns setores como o automotivo. "É certo dizer que houve um recuo na intenção de compra de bens duráveis este ano, o que influenciou esta queda na margem, na intenção de consumo (geral)", comentou Bentes.

No entanto, o especialista fez uma ressalva. Ao se comparar os resultados de intenção de consumo nos primeiros seis meses do ano com o desempenho de igual período em 2008, é possível dizer que as perspectivas de consumo estão equivalentes às registradas no cenário pré-crise.

Ele comentou que o mercado doméstico brasileiro está sendo beneficiado pelo bom momento no poder aquisitivo do brasileiro, que conta com melhores condições no mercado de trabalho e na renda. "Estamos esperando um aumento de 10,8% no volume de vendas no varejo este ano; no ano passado, devido à crise, as vendas cresceram em torno de 5,9%", disse Bentes, acrescentando que, caso a estimativa da CNC se confirme, seria o melhor ano do comércio varejista brasileiro, na série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciada em janeiro de 2000, batendo o resultado recorde de 2007, quando as vendas do comércio subiram 9,7%.

Na segunda pesquisa sobre débitos, a CNC informou que o porcentual de endividados, entre os pesquisados para análise, ficou em 54,0% em junho, o menor do ano, e abaixo da taxa apurada em maio (58,7%). O porcentual de inadimplência, que ficou em 7,8% dos entrevistados, também foi o menor de 2010.

Mas o porcentual de famílias endividadas pode mudar nas próximas apurações da pesquisa, de acordo com a economista da CNC, Marianne Hanson. Ela comentou que a queda no endividamento dá mais fôlego às famílias para assumirem novas dívidas. A especialista não espera, no entanto, que o ritmo de endividamento suba para níveis registrados no primeiro semestre do ano passado, visto que em 2009 a intenção de consumo foi puxada para cima por conta de incentivos fiscais, como o IPI. "Mas mesmo sem o IPI, as pessoas vão continuar a assumir dívidas. Não tanto quanto em 2009, mas continuarão a usar o crédito", comentou.

De acordo com a pesquisa, o cartão de crédito é a modalidade preferida do consumidor, sendo citada por 71,6% dos entrevistados em junho deste ano, seguida por carnês (24,6%) e crédito pessoal (11,9%).

Acompanhe tudo sobre:bens-de-consumoConsumoDívidas pessoaisImpostosIndústriaIPILeão

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor