Economia

Exportadores de carnes almejam abertura de mais mercados

As carnes produzidas no Brasil ainda têm pouco acesso a grandes mercados consumidores, apesar de aberturas recentes concretizadas por autoridades


	Produção de carne: declarações ocorrem em um momento em que o Ministério da Agricultura comemora a abertura ou reabertura de diversos mercados
 (Remy Gabalda/AFP)

Produção de carne: declarações ocorrem em um momento em que o Ministério da Agricultura comemora a abertura ou reabertura de diversos mercados (Remy Gabalda/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2015 às 16h38.

São Paulo - As carnes produzidas no Brasil ainda têm pouco acesso a grandes mercados consumidores, apesar de aberturas recentes concretizadas por autoridades brasileiras, disseram nesta quarta-feira os dois principais executivos do setor no país.

"Estamos dando passos no caminho certo, mas ainda acessamos muito pouco os mercados consumidores", disse o presidente-executivo da JBS, maior produtora global de carnes, Wesley Batista.

Ao lado dele, no palco de uma conferência do setor realizada em São Paulo, o presidente da BRF, maior exportadora de carne de frango do Brasil, Pedro Faria, tinha discurso semelhante.

"O crescimento (de consumo) vai acontecer mais em mercados onde o Brasil ainda não tem acesso", disse o executivo.

As declarações ocorrem em um momento em que o Ministério da Agricultura comemora a abertura ou reabertura de diversos mercados, principalmente para carnes bovina e de frango.

Malásia, Paquistão e Mianmar passaram a aceitar importações de carne de frango do Brasil este ano.

Contudo, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as liberações levaram tempo demais: seis anos no caso da Malásia e sete anos no caso do Paquistão.

O Brasil é exportador habilitado para 158 países atualmente, mas ainda há uns poucos e relevantes destinos que ainda não compram carne de frango brasileira.

"Em carne de aves a gente chegou num limite, e agora é só pedreira", disse o presidente da ABPA, Francisco Turra, referindo-se a mercados onde a negociação tem se mostrado bastante complicada nos últimos anos.

A Indonésia, país de maioria muçulmana com quase 250 milhões de habitantes, é um dos destinos mais desejados.

"A abertura do mercado da Indonésia continua sendo uma realidade distante", lamentou Faria, da BRF, ressaltando que o Brasil vem perdendo participação no mercado global de exportação de carne de frango.

Para Turra, o país (maior exportador global) precisa se empenhar ainda mais em novos acordos comerciais, inclusive bilaterais.

"O Brasil... é um país isolado, é uma vergonha", disse.

BOVINOS

Nos últimos meses, o governo brasileiro realizou ofensiva no exterior e conseguiu destravar restrições à importação de carne bovina na China --para onde os embarques começaram há poucos meses-- e nos Estados Unidos, mercado que ainda em 2015 poderá a voltar a comprar carne in natura, após 15 anos de embargo.

O Ministério da Agricultura sinalizou, há algumas semanas, que também está adiantado um acordo para exportar em breve carne bovina processada e in natura para o Japão, um importante mercado consumidor.

Na prática, contudo, o Japão continua fechado, assim como a Coreia do Sul, outro grande mercado consumidor.

O México, grande importador de carne bovina dos EUA, foi outro mercado citado pelos executivos como bastante desejado.

Para Batista, da JBS, é importante o Brasil se preparar para conseguir aproveitar um novo ciclo de aumento expressivo da demanda por alimentos que está começando, com a melhoria do poder aquisitivos e dos hábitos de consumo de muitos consumidores, notadamente na Ásia.

"Temos que abrir mercados e cuidar para sermos mais competitivos", disse o executivo.

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