Economia

Expansão das vendas no varejo está aquém do esperado, dizem analistas

Resultado da Pesquisa Mensal de Comércio mostra queda no volume vendido por super e hipermercados, mas ligeira recuperação de veículos e motos

Ricardo Eletro: clientes que possuem o cartão da rede têm acesso aos produtos antes do restante do público (Xando Pereira/Ag. A Tarde)

Ricardo Eletro: clientes que possuem o cartão da rede têm acesso aos produtos antes do restante do público (Xando Pereira/Ag. A Tarde)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2012 às 20h03.

Rio - Embora o crescimento de 0,8% nas vendas do varejo na passagem de março para abril não tenha sido ruim, a expansão veio aquém do esperado por analistas do mercado financeiro. O resultado da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra uma queda no volume vendido por supermercados e hipermercados, mas uma ligeira recuperação de veículos e motos, além da continuação do bom desempenho de móveis e eletrodomésticos.

"O varejo decepciona no Brasil e evidencia que depender exclusivamente do mercado consumidor não poderá ser a única estratégia (do governo para a expansão do PIB). A alta de 0,8% não é um mau resultado; o problema é que todas as fichas estão nesta aposta e isto é arriscado. O Brasil necessita de um choque de investimentos e o governo precisa urgentemente rever suas estratégias (para estimular a atividade econômica)", alertou André Guilherme Pereira Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Na avaliação do economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, os resultados da pesquisa sinalizam que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente a abril, que será divulgado amanhã, deve ficar em 0,2%. "O aumento de 0,2% é um número fraco, mas é o primeiro positivo depois de três negativos. Então significa que a gente pode estar começando a entrar num movimento para um PIB positivo", contou Leal. "O resultado vai melhorar nos próximos meses. Não vai ser nada excepcional, mas a gente vai crescer no segundo trimestre, entre 0,5% e 0,8%".


No caso dos hipermercados e supermercados, o recuo nas vendas de 0,8% na passagem de março para abril foi creditado a um ajuste estatístico, porque houve alta forte em janeiro, de 8,5%, após mudanças metodológicas na pesquisa. "Desde fevereiro o setor de supermercados vem registrando queda, como se fosse uma devolução da alta de mais de 8% em janeiro", notou Paulo Neves, analista da LCA Consultores Associados.

Mas o mau desempenho não deve se manter nas próximas leituras, o que deve beneficiar os saldos seguintes da PMC, junto com os efeitos da redução do IPI para automóveis, segundo o economista Bruno Fernandes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

"A gente acredita que o número (volume de vendas) de supermercados venha mais forte nas próximas leituras", disse Fernandes. "E certamente os dados de maio virão mais favoráveis para veículos, por causa da redução de IPI e dos feirões que foram realizados em maio. Os indicadores antecedentes já mostram uma melhora nas vendas".

Os demais economistas ouvidos pela Agência Estado também apostam na redução do IPI de automóveis para impulsionar o varejo em maio. Mas Neves acredita que o volume de vendas no ano ainda será puxado mais pelo aumento na renda do trabalhador do que pelo crédito.

"Os setores do varejo ligados ao crédito já aumentaram as vendas, estão respondendo sim aos estímulos do governo, mas não na mesma magnitude que em 2010. O maior crescimento será via aumento de renda, porque o crédito não dá sinais muito claros, ainda há rigidez na concessão e comprometimento de renda", avaliou o economista da LCA Consultores.

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