Marine Le Pen: "Há toda uma lista de projetos que será adiada" (Philippe Wojazer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2014 às 14h58.
Paris - A francesa Marine Le Pen vê seu partido de extrema direita Frente Nacional unindo forças com outras legendas no Parlamento Europeu para bloquear um grande pacto de comércio transatlântico apontado por seus defensores como vital para o crescimento global e o fomento do emprego.
Em entrevista à Reuters menos de duas semanas antes da eleição de 25 de maio, para o Parlamento Europeu, Marine Le Pen prevê que os partidos anti-União Europeia (UE) vão conquistar assentos suficientes para formar um grupo político no Legislativo, ganhando acesso a mais financiamento da UE e uma maior influência no funcionamento do bloco.
Ela rejeitou previsões de alguns analistas de que, mesmo com um aumento amplamente esperado de apoio em todo o bloco de 28 nações, os eurocéticos vão enfrentar dificuldades para exercer influência em um Parlamento que ainda deverá ser dominado por partidos tradicionais.
"Há toda uma lista de projetos que será adiada porque a Comissão (Europeia) vai perceber que não vai conseguir passar pela barreira do Parlamento", disse Marine Le Pen, que faz parte parte do Parlamento da União Europeia há uma década.
"Pegue o acordo comercial transatlântico: setores da esquerda são contra, os eurocéticos são contra - vai ser muito apertado. A Comissão vai correr o risco de ver um projeto tão importante como esse ser rejeitado, ou será que vai segurá-lo?" Os governos da UE e os Estado Unidos iniciaram negociações no ano passado sobre um acordo de livre comércio e investimento amplo com a intenção de ajudar a revitalizar o crescimento após a crise de crédito da zona do euro, por meio da remoção de impostos e taxas sobre as empresas.
No entanto, depois de nove meses de debates, os negociadores permanecem sem consenso em muitas questões e a hostilidade pública cresceu em relação à ideia de um comércio transatlântico sem restrições, com muitos temendo que prejudique as indústrias nacionais vulneráveis e, em consequências, as taxas de emprego.
Marine Le Pen defende a recolocação de barreiras comerciais para proteger as indústrias francesas, rejeitando os argumentos de que a Europa dependente de exportações tem mais a perder com uma guerra comercial global.
Nos termos do Tratado de Lisboa de 2009, os parlamentares da União Europeia ganharam o poder de ratificar tratados internacionais. Eles já usaram esse direito ao rejeitar um acordo comercial contra a pirataria em 2012 e um pacto transatlântico sobre a troca de dados pessoais por infringir as liberdades civis.
Os franceses tradicionalmente favorecem o protecionismo e muitas vezes deixam as mãos da Comissão Europeia amarradas em questões relativas à agricultura e ao comércio de bens culturais.
Pesquisas de opinião sugerem que o partido de Marine Le Pen, a Frente Nacional, contrário à imigração e defensor da saída do país da União Europeia e do abandono do euro como moeda, deve ganhar a maioria dos votos na França pela primeira vez em uma eleição nacional.