Economia

EUA evitam abismo fiscal mas outras crises se avizinham

Câmara dos Representantes cedeu na noite de terça-feira e aprovou plano que prevê um aumento dos impostos para os contribuintes com renda superior a 450.000 dólares


	Barack Obama: texto também prevê uma extensão do seguro desemprego para duas milhões de pessoas
 (AFP / Brendan Smialowski)

Barack Obama: texto também prevê uma extensão do seguro desemprego para duas milhões de pessoas (AFP / Brendan Smialowski)

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Da Redação

Publicado em 2 de janeiro de 2013 às 19h03.

Washington - O acordo de último minuto entre a Casa Branca e os republicanos do Congresso evitou uma crise fiscal nos EUA, mas atrasou em algumas semanas as decisões dolorosas sobre o gasto público e o teto da dívida.

Após semanas de tensão, a Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos, cedeu na noite de terça-feira e aprovou um plano que prevê um aumento dos impostos para os contribuintes com renda superior a 450.000 dólares.

O texto, que torna permanente as isenções fiscais da administração de George W. Bush herdadas pela classe média, também prevê uma extensão do seguro desemprego para duas milhões de pessoas, o que impulsionou os mercados.

Nesta quarta-feira, no primeiro dia de operações de 2013, Wall Street abriu com fortes altas: o índice Dow Jones subiu 1,75% e o Nasdaq 2,54% nas primeiras movimentações, em sintonia com os mercados asiático e europeu.

Contudo, a crise do "abismo fiscal", como ficou conhecida a alta generalizada dos impostos somada aos fortes cortes nos gastos públicos, não foi totalmente superada, já que os representantes atrasaram em dois meses o debate sobre como diminuir o deficit.

Agora, os republicanos, incomodados após ceder no tema imposto, vão querer que Obama faça concessões sobre o financiamento do governo e sobre o aumento do teto da dívida.


Na pior das hipóteses, todas estas votações se acumulariam provocando um novo "abismo fiscal" com consequências ainda mais graves.

Antes de partir para o Havaí, seu arquipélago natal onde costuma passar férias, Obama avisou que o assunto do teto da dívida não é negociável.

"Não vou discutir de novo com o Congresso sobre a necessidade de saldar as contas deixadas por leis já adotadas", afirmou.

Em agosto de 2011, a discussão sobre o limite da dívida se estendeu e levou a agência Standard and Poor's a retirar dos Estados Unidos a nota máxima de seu perfil de crédito, devido à crescente dívida e do pesado déficit do orçamento.

Contudo, os republicanos também mantiveram suas posições.

"Agora, vamos nos concentrar nos gastos", afirmou o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, que cedeu na terça-feira para evitar ser responsabilizado por uma crise que poderia levar o país de volta à recessão.


A votação do Ano Novo foi uma das últimas efetuadas pelo 112º Congresso dos Estados Unidos, e na quinta-feira começará a nova legislatura, na qual não haverá mudança no equilíbrio político, já que a Câmara baixa seguirá nas mãos da oposição e o Senado continuará com maioria democrata.

No entanto, o acordo não resolve o problema do corte no déficit, afirmam os republicanos. Eles asseguram que o acordo alcançado na terça-feira adicionará quatro bilhões de dólares de dívida nos próximos 10 anos. O total supera atualmente os 16 bilhões de dólares.

Erskine Bowles e Alan Simpson, ex-secretário do gabinete da Casa Branca e ex-senador republicano, respectivamente, encarregados por Obama de encontrar uma solução para o problema da dívida a longo prazo nos Estados Unidos, lamentaram que o Congresso tenha deixado passar essa oportunidade.

"Nossos líderes devem ter, a partir de agora, a vontade de reformar nosso código impositivo e os gastos obrigatórios para estabilizar nossa dívida", afirmaram.

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