Economia

EUA e China fazem reuniões em busca de saída para tensões bilaterais

EUA aplicaram tarifas de US$ 250 bilhões a produtos da China por supostas práticas comerciais desleais; país asiático retaliou

Trump e Xi Jinping: presidentes irão se encontrar durante reunião do G20 em Buenos Aires e podem amenizar a crescente tensão entre os dois países (Qilai Shen/Getty Images)

Trump e Xi Jinping: presidentes irão se encontrar durante reunião do G20 em Buenos Aires e podem amenizar a crescente tensão entre os dois países (Qilai Shen/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 19h49.

Os Estados Unidos e a China retomaram contatos de alto nível nesta sexta-feira, 9, após meses de crescente tensão, e tentam resolver, a partir de suas disputas comerciais, questões de direitos humanos.

Yang Jiechi, idealizador da diplomacia chinesa, e o ministro da Defesa, general Wei Fenghe, lideram a delegação enviada a Washington para retomar as negociações depois de uma onda de atritos alimentada pela campanha às eleições americanas de meio de mandato realizadas na terça-feira, 6.

Oito oficiais chineses, metade deles uniformizados, se reuniram com uma delegação dos EUA liderada pelo secretário de Estado Mike Pompeo e da Defesa Jim Mattis, um mês depois que a visita deste último a Pequim foi cancelada. As conversas acontecem algumas semanas antes de os presidentes Donald Trump e Xi Jinping se reunirem em Buenos Aires na cúpula do G20, que é potencialmente uma oportunidade para fazer anúncios sobre a resolução de divergências.

O diálogo em Washington enfoca principalmente questões de segurança, mas o comércio está no centro das tensões entre as maiores economias do mundo. Trump aplicou tarifas a 250 bilhões de dólares de produtos importados da China, depois de acusar Pequim de aplicar práticas comerciais desleais. A China respondeu tomando medidas semelhantes contra os Estados Unidos.

Enquanto alguns analistas dizem que os Estados Unidos parecem ter embarcado em uma espécie de nova Guerra Fria com a China, o embaixador de Washington em Pequim, Terry Branstad, disse que seu governo não quer um confronto. "Queremos ter com a China uma relação construtiva, orientada para os resultados", disse nesta quinta-feira à imprensa o embaixador dos Estados Unidos em Pequim, Terry Branstad. "Os Estados Unidos não estão tentando conter a China, mas queremos justiça e reciprocidade", acrescentou.

Em Pequim, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, disse nesta sexta que a China espera que as conversas "deem muito bons resultados" e que ajudem a "aprofundar o entendimento" e "acelerar a colaboração entre ambas as partes".

Onda de disputas

O tema da Coreia do Norte também está na pauta. Washington deseja que Pequim mantenha a pressão sobre Pyongyang em um momento em que o regime norte-coreano exige uma redução das sanções internacionais em troca de avanços em sua desnuclearização.

Para a delegação chinesa, porém, o tema-chave é Taiwan e a posição ambígua da administração Trump, à qual pedem que reafirme claramente sua política de reconhecer apenas a China popular.

Xi afirmou que acertou com Trump de se reunir no âmbito da cúpula do G20 na Argentina, no fim do mês, onde "as duas partes podem ter um intercâmbio profundo de pontos de vista sobre temas de interesse comum". A China, disse o presidente, "ainda está comprometida em construir um relacionamento com os Estados Unidos que não seja caracterizado por conflitos". Washington tem sido duro ao acusar a China de roubos de tecnologia, o que ela nega.

O governo Trump, que não se caracteriza pela defesa dos direitos humanos, quer que a China leve em conta os campos de detenção dos uigures, uma minoria muçulmana no noroeste do país.

Um relatório recente da ONU disse que pelo menos um milhão de uigures são detidos extrajudicialmente e, em alguns casos, pelo simples fato de professar o islamismo. Um órgão que defende os direitos dos uigures exigiu que Washington abordasse a questão nas discussões com a China e considera importante dar uma mensagem global "unificada" sobre o assunto. Pequim, depois de negar em princípio a existência desses campos de detenção, considera esses lugares como centros de treinamento vocacional para desestimular o extremismo religioso.

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