Economia

Estudo da FGV aponta queda de 5,7% na arrecadação em 2015

Ao longo de 2015, os dados apontam para uma queda de 6,7% nas receitas da Previdência, e a tendência só piora


	Arrecadação: ao longo de 2015, os dados apontam para uma queda de 6,7% nas receitas da Previdência, e a tendência só piora
 (thinkstock)

Arrecadação: ao longo de 2015, os dados apontam para uma queda de 6,7% nas receitas da Previdência, e a tendência só piora (thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2016 às 13h59.

Brasília - O aumento do desemprego provocou uma queda abrupta da arrecadação da contribuição para a Previdência Social em dezembro do ano passado.

Estudo do Instituto Brasileiro de Econômica (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que o recuo chegou a 8,7% em dezembro em comparação ao mesmo mês do ano anterior.

Ao longo de 2015, os dados apontam para uma queda de 6,7% nas receitas da Previdência. Os dados indicam a tendência de piora da arrecadação.

Pelos dados do Ibre, a queda da arrecadação da receita em dezembro não foi tão forte como observado nos meses anteriores, atingindo 3,6%.

No acumulado do ano, o decréscimo foi de 5,7%. A diminuição da intensidade da queda, no entanto, não representa o início de um processo de reversão da tendência.

Elaborado pelos economistas José Roberto Afonso e Vilma da Conceição Pinto, o estudo é feito com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal.

A proposta do trabalho é antecipar os números oficiais da arrecadação da Receita, que ainda não foram divulgados. O volume arrecadado total em dezembro ficou em torno de R$ 118,6 bilhões. Em 12 meses, a arrecadação atingiu cerca de R$ 1,26 trilhão.

Para José Roberto Afonso, os dados mostraram que cada vez fica mais claro que as receitas previdenciárias caem muito mais forte que a base tradicional da folha de pagamentos, o que agrava as perdas de receitas com a desoneração da folha.

Na sua avaliação, esse movimento tende a reforçar a ideia de que empregadores ainda resistem um pouco a demitir, o que deve acontecer em passo posterior à queda das receitas.

O recuo menor da arrecadação em dezembro está relacionado à expansão pontual de algumas receitas, como o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre ganhos de capital, com alta de 31,9%, e remessas ao exterior, com elevação de 11,7%.

Os dados mostraram que os ganhos financeiros, inclusive os remetidos ao exterior como lucro, estão atenuando a queda acentuada do lucro das empresas.

Para os demais tributos, os decréscimos observados em dezembro são piores do que os acumulados no ano.

No acumulado do ano, a queda do IPI total chegou a 10,7%, com destaque para o IPI-Bebidas, que teve recuo de 30%. Na avaliação do Ibre, os números confirmam o que vem sendo dito sobre a crise mais profunda na indústria.

O entendimento é que esse recuo forte da indústria antecipa para a arrecadação o que virá a ocorrer com setores de comércio e serviços mais à frente. Esta tendência do IPI deve afetar ainda mais o ICMS estadual, que é mais dependente de bens industriais do que de serviços.

Os tributos que são vinculados ao volume de produção e de vendas no mercado doméstico de bens e serviços refletem diretamente a recessão e, em especial, sua manifestação mais forte na indústria de transformação. Mesmo depois da revisão de incentivos, a queda do IPI segue muito mais acentuada do que a retração real do produto industrial.

Pelos dados, a arrecadação federal deve ter fechado 2015 em 20,48% do Produto Interno Bruto (PIB), apenas 0,2 ponto porcentual abaixo da verificada no ano anterior.

Metade da queda da arrecadação observada entre 2014 e 2015 é decorrente da redução do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro e Líquido (CSLL), refletindo a drástica queda dos lucros das empresas. Os dois tributos caíram 13,8%.

O estudo avalia ainda que crise de crédito, com forte retração no que bancos emprestam para empresas, inclusive para capital de giro, tende a estimular a inadimplência tributária e são nos tributos sobre lucros que ela encontra mais campo para crescer. 

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEmpresasFGV - Fundação Getúlio VargasICMSImpostosIndicadores econômicosIPILeãoPIB

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor