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Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2008 às 14h56.
O governo americano decidiu emprestar 17,4 bilhões de dólares à General Motors e Chrysler, respectivamente, a primeira e a terceira maiores montadoras dos Estados Unidos, que enfrentam uma profunda crise e corriam o risco real de ir à falência. Do total, 13,4 bilhões de dólares estarão à disposição das companhias imediatamente. Os recursos foram retirados do plano de socorro aos bancos, que soma 700 bilhões e aprovado em outubro pelo Congresso. A GM receberá 9,4 bilhões e a Chrysler, 4 bilhões. A Ford, segunda maior montadora americana, informou que não necessita de ajuda no curto prazo.
Outros 4 bilhões de dólares devem ser liberados em fevereiro à GM. Para tanto, espera-se que o Congresso aprove a liberação da segunda parte dos recursos do plano de socorro aos bancos - um total de 350 bilhões de dólares, de onde sairá o dinheiro para a montadora.
De acordo com o The Wall Street Journal, o socorro impõe algumas condições à empresa, como apresentar um plano de recuperação até 31 de março, apoiado por acionistas, fornecedores e clientes. Entre as condições para o uso do dinheiro, estão a suspensão do pagamento de dividendos e a emissão de warrants - títulos que conferem o direito de compra de certo ativo - vinculadas a ações preferenciais das companhias. A remuneração dos executivos também sofrerá restrições. Além disso, o governo passa a ter o poder de bloquear qualquer transação com valor superior a 100 milhões de dólares. Se o plano de reestruturação não for convincente, o repasse de recursos será suspenso e o dinheiro eventualmente sacado terá de ser devolvido.
Situação incomum
A ajuda às montadoras foi anunciada pela Casa Branca após muita relutância do governo Bush. Inicialmente, o presidente americano tentou induzir o Congresso a aprovar um plano próprio de recuperação do setor. A tentativa, porém, foi barrada pelos republicanos no Senado, que criticaram o uso de recursos públicos para resgatar as empresas. Para eles, a melhor opção era deixar as montadoras falirem, para então requisitarem a proteção do Capítulo 11 - semelhante à recuperação judicial no Brasil - e se reestruturarem.
A GM e a Chrysler reforçaram os pedidos de ajuda, alegando que não teriam condições de chegar ao fim do ano. Nesta quinta-feira (18/12), a Chrysler anunciou que suspenderia as atividades em suas 30 fábricas da América do Norte por um mês, à espera de socorro.
"Estas não são circunstâncias normais. No meio de uma crise financeira, permitir que a indústria automotiva americana entre em colapso não é uma linha responsável de ação", afirmou o presidente Bush, nesta sexta-feira (19/12). De acordo com a agência de notícias Bloomberg, o presidente eleito, Barack Obama, apoiou a medida e a considerou "um passo necessário' para evitar maiores pressões sobre a já delicada economia do país.
Segundo o WSJ, caberá ao governo Obama a tarefa mais difícil - o de garantir a viabilidade do socorro às montadoras. O plano divulgado pela Casa Branca estabelece um supervisor público para a sua execução. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, será o encarregado da tarefa neste último mês do governo Bush. Obama terá a liberdade para escolher outro nome assim que assumir.
De acordo com analistas, o plano é um passo modesto para o resgate do setor automotivo, que ainda precisa provar sua viabilidade no longo prazo. De qualquer modo, o principal objetivo de Bush é evitar que uma das indústrias mais importantes do país - responsável por 3 milhões de empregos - entre em colapso em um momento já complicado para a economia.