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Estados querem retirar da União 50% de novo imposto

Proposta de reforma tributária prevê a criação de um comitê gestor sem participação da Receita

Dinheiro: novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) vai unir ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI (Mario Tama/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de agosto de 2019 às 11h20.

A proposta de reforma tributária defendida pelos Estados retira da União o controle da gestão de três tributos que juntos garantiram uma arrecadação de R$ 361,5 bilhões no ano passado.

Pela proposta, aprovada na última quarta-feira, 31, em reunião dos secretários de Fazenda, o novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) - que vai unir ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI - terá um comitê gestor formado somente com Estados e municípios, sem a participação da Receita Federal.

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Dos cinco tributos que serão extintos, pela sugestão da proposta Cofins, PIS e IPI são cobrados e de responsabilidade do governo federal. Mas parte da receita do IPI é dividida com os governos regionais. O ICMS é o principal tributo dos Estados, e o ISS dos municípios.

Um dos maiores tributos cobrados pelo governo federal, a Cofins gerou receita de R$ 242,31 bilhões em 2018, o equivalente a 16 63% de toda a arrecadação da Receita. O IPI garantiu arrecadação de R$ 64,53 bilhões no período e a PIS/Pasep mais R$ 54,60 bilhões.

Segundo apurou o Estado, há uma preocupação do governo federal que os Estados aproveitem a reforma para “ganharem” parte da arrecadação de PIS e Cofins, o que não ocorre hoje, diminuindo as verbas para o Orçamento federal. Essa estratégia estaria sendo apoiada por lideranças da Câmara.

Apesar da promessa do ministro da Economia, Paulo Guedes, de “menos Brasília e mais Brasil” na distribuição do bolo tributário, o rombo das contas públicas impede uma reformulação agora da divisão atual do sistema brasileiro. O tamanho da divisão da arrecadação também não foi fechado na reunião de ontem. Com o controle do comitê gestor, acaba PIS/Cofins da União e os Estados é que fariam o repasse para o governo, em processo inverso do que é feito hoje.

A política tributária do IBS, que foi desenhado nos moldes de um Imposto de Valor Agregado (IVA), seria toda dos governadores se prevalecer no Congresso a proposta dos Estados. Por isso, o governo federal defende a criação de um IVA de tributos federais reunindo o PIS/Cofins, ISS, uma parte do IOF e talvez da CSLL, mantendo o controle sobre os seus atuais tributos.

O Comitê dos Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz) em reunião na última terça reforçou a defesa de aprovar uma reforma tributária que unifique impostos federais, estadual e municipal em um único tributo. Na proposta, os Estados ficariam com metade da arrecadação do IBS, tributo previsto no texto que está na Câmara. União e municípios, por outro lado, ficariam com um quarto da arrecadação cada. O texto ainda será confirmado pelos governadores.

De acordo com o presidente do Comsefaz e secretário da pasta no Piauí, Rafael Fonteles, a divisão do bolo atende a mesma média de participação dos tributos atuais. Dentro da participação dos Estados, 3% da arrecadação seria destinada para um fundo de desenvolvimento regional, voltado especialmente às Regiões Norte de Nordeste, e para compensar Estados que eventualmente tenham perdas de receita com as mudanças. O restante da parte destinada aos governos estaduais (47%) iria direto para o caixa dos Estados.

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