Economia

Especialistas alertam sobre impacto da negociação UE-EUA

O acordo de livre-comércio entre Estados Unidos e União Europeia pode relegar para o segundo plano as conversas similares que o Mercosul


	Bandeiras do Mercosul: as negociações entre a UE e o Mercosul começaram há mais de uma década e ainda não chegaram a um consenso
 (Norberto Duarte/AFP)

Bandeiras do Mercosul: as negociações entre a UE e o Mercosul começaram há mais de uma década e ainda não chegaram a um consenso (Norberto Duarte/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2013 às 12h51.

Brasília - A proximidade das negociações entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos para um acordo de livre-comércio pode relegar para o segundo plano as conversas similares que o Mercosul mantém com o bloco europeu, segundo especialistas citados nesta sexta-feira pelo jornal "O Globo".

"O clube comercial criado por EUA e UE para fazer frente à China trará um impacto tremendo para o mundo inteiro", especialmente quando o Mercosul tem "quase paralisadas" suas negociações externas, declarou o presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), José Botafogo Gonçalves.

As negociações entre a UE e o Mercosul começaram há mais de uma década e ainda não chegaram a um consenso, sobretudo, por conta de diferenças nos setores agrícola e industrial.

Segundo Botafogo, o Brasil tem que agir com rapidez para "não continuar ausente nas grandes negociações comerciais", e inclusive deveria alterar a norma do Mercosul que obriga os países do bloco a discutirem os acordos externos em conjunto.

"O Brasil é o maior país do Mercosul e, se quiser, pode revogar a resolução e pronto. O que falta é vontade política", disse Botafogo, que foi embaixador na Argentina e ministro da Indústria e Comércio durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também sugeriu na semana passada que o Brasil proponha ao Mercosul alternativas que "flexibilizem" a negociação de acordos com outros blocos e países, para que "cada membro caminhe segundo seus próprios interesses".

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, considerou também que o Mercosul "deixou de ser um acordo comercial e virou um acordo ideológico" e corre o risco de "ficar isolado do mundo" com a negociação anunciada pela UE e os Estados Unidos.

A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também manifestou sua preocupação. O coordenador da área internacional, Thiago Masson, disse ao Globo que a perda de espaço para os EUA nas negociações com a União Europeia é a grande preocupação, uma vez que o mercado europeu é o principal destino dos produtos brasileiros.

"Estamos falando da principal negociação comercial, desde a criação da OMC (1994/95)" e que terá forte impacto em todo o comércio internacional, afirmou Masson. 

Acompanhe tudo sobre:ComércioComércio exteriorEstados Unidos (EUA)EuropaMercosulPaíses ricosUnião Europeia

Mais de Economia

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Lula diz que ainda vai decidir nome de sucessor de Campos Neto para o BC

Banco Central aprimora regras de segurança do Pix; veja o que muda

Mais na Exame