Economia

Espanha perde mais de um milhão de empregos no 2º trimestre com pandemia

A taxa de desemprego da Espanha subiu de 14,4% no primeiro trimestre para 15,3% no segundo, com quase 3,4 milhões de desempregados

Espanha: os setores de serviço e turismo foram os mais prejudicados pela pandemia (Angel Garcia/Getty Images)

Espanha: os setores de serviço e turismo foram os mais prejudicados pela pandemia (Angel Garcia/Getty Images)

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AFP

Publicado em 28 de julho de 2020 às 08h33.

Última atualização em 28 de julho de 2020 às 08h38.

A pandemia do novo coronavírus destruiu mais de um milhão de empregos na Espanha no segundo trimestre, a grande maioria nos setores de serviço e turismo, segundo dados divulgados nesta terça-feira (28) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A taxa de desemprego subiu de 14,4% no primeiro trimestre para 15,3% no segundo, com quase 3,4 milhões de desempregados.

Mas esse número, que representa um aumento de 55.000 desempregados em relação ao trimestre anterior, não inclui grande parte dos quase 1,1 milhão de ocupados que perderam o emprego entre abril e junho devido à pandemia de COVID-19, que na Espanha causou mais de 28.400 mortes e 272.000 infectados.

O severo confinamento decretado para conter os contágios e o fechamento de empresas "impediram" essas pessoas de procurar um novo emprego, motivo pelo qual, tecnicamente, não atendem aos requisitos formais de classificação como desempregadas, explicou o INE.

O cálculo também não leva em conta os milhões de trabalhadores incluídos nos planos de suspensão temporária de emprego autorizados pelo governo espanhol para evitar demissões em massa durante o confinamento.

Como consequência, apenas 13,9 milhões dos 18,6 milhões empregados no país trabalharam "efetivamente" durante o segundo trimestre e o número de horas trabalhadas caiu 23% em relação ao período anterior, "uma redução sem precedentes", indica o INE.

A destruição do emprego é generalizada em todos os setores, mas é especialmente elevada nos serviços, onde quase 817.000 trabalhadores ficaram sem emprego no segundo trimestre, quando lojas, restaurantes e hotéis foram fechados.

A indústria do turismo, responsável por 12% da riqueza e 13% dos empregos na Espanha, foi especialmente afetada pelo confinamento e, após algumas semanas de reativação tímida, volta a sofrer com os novos surtos do vírus em território espanhol.

Esses novos surtos levaram o Reino Unido, o primeiro cliente turístico do país, a impor uma quarentena aos passageiros procedentes da Espanha e a recomendar que seus cidadãos não viagem ao país.

Outros países europeus como Alemanha, França, Bélgica ou Holanda também desaconselham viajar para áreas mais afetadas, como Catalunha e Aragão (nordeste).

Na indústria e na construção, a perda de trabalhadores excede 100.000 pessoas, enquanto na agricultura o impacto é menor, com 21.400 pessoas ocupadas a menos.

"Estamos diante de um fato terrível, certamente o pior da história", disse Pepe Álvarez, secretário geral do sindicato UGT.

"Pensávamos que a pandemia iria diminuir no verão e que poderíamos iniciar um processo de recuperação da economia, mas a cada dia isso se torna mais difícil", acrescentou Álvarez, que pediu uma extensão dos planos de suspensão do emprego habilitados até setembro.

Os sindicatos temem que, uma vez expirados esses planos, muitas empresas demitam seus funcionários para sobreviver, principalmente em setores onde a demanda caiu, como o turismo.

A crise da saúde interrompeu a recuperação do frágil mercado de trabalho espanhol, que em 2013 havia atingido uma taxa de desemprego de 27% e, no final de 2019, era de 13,8%, o pior da zona do euro depois da Grécia.

Diferentemente daquela época, desta vez a destruição do emprego não se deve ao "acúmulo de desequilíbrios" no mercado, mas a "restrições ao fornecimento de bens e serviços", disse o economista-chefe do instituto BBVA Research, Miguel Cardoso.

Em vez disso, está afetando setores que "eram um refúgio em tempos de crise", como hotéis e restaurantes, acrescentou Cardoso.

"A recuperação do emprego e da economia será lenta", disse Javier Blasco, diretor do centro de estudos do grupo Adecco, em comunicado.

Até o final do ano, o governo prevê um desemprego de 19%, abaixo dos 20,8% previstos pelo Fundo Monetário Internacional.

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