Economia

Escassez de papel limita circulação de jornais na Venezuela

Títulos de maior circulação dizem que podem enfrentar problemas se forem mantidas as regras cambiais que causam restrições às importações


	Vendedor em uma banca de jornal em Caracas: além do papel, empresas de comunicação também têm dificuldades para comprar tintas e equipamentos de impressão
 (Mario Tama/Getty Images)

Vendedor em uma banca de jornal em Caracas: além do papel, empresas de comunicação também têm dificuldades para comprar tintas e equipamentos de impressão (Mario Tama/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2013 às 20h51.

Caracas - Pelo menos cinco jornais venezuelanos deixaram de circular temporariamente nas últimas semanas devido à falta de papel, em mais um problema de abastecimento que ameaça afetar a popularidade do governo socialista.

Títulos de maior circulação dizem que podem enfrentar problemas se forem mantidas as regras cambiais que causam restrições às importações. Muitas outras publicações menores já reduziram seu número de páginas.

"Sem papel, (mas) voltaremos", dizia um título nesta semana na capa do El Diario de Sucre, que interrompeu sua circulação, restrita ao nordeste do país.

Os controles cambiais da última década fazem com que periodicamente os venezuelanos se deparem com a ausência de produtos variados: de farinha a papel higiênico e peças para motos.

Sem acesso a dólares, as empresas de comunicação também têm dificuldades para comprar tintas e equipamentos de impressão.

"A situação é mais crítica para os pequenos jornais no interior, porque eles não importam papel diretamente", disse à Reuters Miguel Henrique Otero, editor do El Nacional, jornal de circulação nacional simpático à oposição.

"Eles compram de distribuidores ... que não estão entre as prioridades" quando as autoridades destinam dólares às empresas, segundo o jornalista.

Otero disse que editoras de revistas e livros também estão sendo afetadas.


O Ministério da informação não respondeu a um pedido da Reuters para comentar o assunto.

Apesar da ávida adoção de novas tecnologias pelos venezuelanos, os jornais continuam sendo uma importante fonte de informação. Otero disse que o seu e outros jornais importantes, como El Universal, Ultimas Noticias e Panorama, por enquanto não foram afetados pelas restrições.

Críticos do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, dizem que as restrições financeiras às empresas de comunicação equivalem a uma forma de cerceamento da liberdade de expressão, algo que o governo nega.

Para obter acesso a dólares, importadores ficam em posição privilegiada quando possuem um documento mostrando a necessidade de adquirir produtos que não são fabricados localmente, caso do papel-jornal.

"As pessoas vão inevitavelmente achar que a licença de importação está sendo usada para sufocar (críticos do governo)", disse Claudio Paolillo, funcionário da Associação Interamericana de Imprensa, com sede em Miami.

Durante os anos em que esteve no poder, o antecessor e mentor político de Maduro, Hugo Chávez, teve uma relação tensa com a imprensa privada, acusando-a de tentar sabotar seu governo. Comentaristas ligados à oposição habitualmente o chamavam de ditador.

Desde que Maduro foi eleito, em abril, o cenário mudou. Investidores identificados pela imprensa local como sendo próximos ao governo adquiriram e na prática neutralizaram o canal de TV Globovision, que já foi a principal plataforma da oposição, e o maior conglomerado midiático privado, a Cadena Capriles.

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