Economia

Escândalo político não reduz aprovação de Lula

Mesmo após a queda de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda e das denúncias de distribuição de dinheiro, maioria dos eleitores continua apoiando o presidente

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.

Os recentes episódios da crise política que paralisa o governo não foram suficientes para arranhar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o que mostra a 81ª pesquisa de opinião pública da Confederação Nacional do Transporte, em conjunto com o instituto Sensus, divulgada nesta terça-feira (11/4). Baseada em 2 000 entrevistas em 24 estados, a pesquisa detectou que 53,6% dos participantes aprovam o desempenho pessoal de Lula, praticamente a mesma taxa da pesquisa anterior (53,3%), em fevereiro.

Além disso, trata-se da maior aprovação de Lula desde julho de 2005, no início da crise política, quando a taxa foi de 59,9%. O número também está bem acima dos 46,7% de aprovação registrados em novembro - o pior momento do presidente desde que foi empossado, em janeiro de 2003.

A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 6 de abril. Por isso, já seria capaz de detectar o impacto dos últimos desdobramentos dos escândalos que sacodem Brasília sobre a imagem de Lula. Em meados de março, o caseiro Francenildo Costa desmentiu o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ao afirmar que Palocci também freqüentava uma mansão no Lago Sul de Brasília, onde ex-assessores distribuíam dinheiro arrecadado ilegalmente e realizavam festas com garotas de programa.

O caso evoluiu para a violação ilegal do sigilo bancário de Costa. A ordem para obter os dados teria partido do próprio ministro. A forte reação ao episódio culminou com a queda de Palocci, arrastando junto Jorge Mattoso, que presidia a Caixa Econômica Federal. A turbulência foi a oportunidade para a saída de vários membros importantes da equipe econômica, que decidiram dedicar-se a projetos pessoais, o que aumentou o nervosismo do mercado, já preocupado com os rumos da economia nas mãos do novo ministro, Guido Mantega.

Mas nada disso afetou a imagem de Lula, segundo a pesquisa da CNT/Sensus. A taxa de desaprovação de Lula também se manteve praticamente estável, recuando de 38%, em fevereiro, para 37,6%, em abril. Já os que não sabem ou não responderam à questão passaram de 8,7% para 8,9%.

Efeito negativo

Isso não significa que Lula esteja imune a desgastes. Entre os entrevistados que tomaram conhecimento da quebra do sigilo bancário de Costa, por exemplo, 37,3% afirmam que o caso terá um impacto negativo sobre o governo e sobre a reeleição de Lula.

As recentes invasões de propriedades promovidas pelo Movimento dos Sem-Terra também repercutiram mal. Para 61,7% dos entrevistados, o governo tem uma atuação inadequada diante das invasões, porque não está conseguindo manter a ordem no campo. Em fevereiro, essa afirmação foi feita por 56,1% dos participantes.

Eleições

Em linha com as informações da pesquisa Datafolha divulgada neste fim de semana, a CNT/Sensus também indicou vitória de Lula nas eleições presidenciais deste ano. A diferença para o candidato tucano, Geraldo Alckmin, porém, está caindo. Numa das simulações de primeiro turno, que inclui apenas Lula, Alckmin, Anthony Garotinho (pré-candidato do PMDB) e Heloísa Helena (pré-candidata do PSOL), Lula tem 37,5% das intenções de voto em abril, contra 42,2% em fevereiro. Alckmin subiu de 17,4% para 20,6%.

No segundo turno, Lula venceria Alckmin por 45% a 33,2%, com 21,9% de bancos, nulos e indecisos. Em fevereiro, as porcentagens eram de 51,3%, 29,7% e 19,1%, respectivamente.

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