Economia

Escala aponta exportações menores de milho do Brasil

Line-up inclui atualmente 3,11 milhões de toneladas para embarque em todo o mês de novembro, além de navios para dezembro e com data a confirmar


	Máquina realiza a coleita de milho em uma fazenda de Pejuçara, no Rio Grande do Sul
 (Pedro Revillion/Palácio Piratini)

Máquina realiza a coleita de milho em uma fazenda de Pejuçara, no Rio Grande do Sul (Pedro Revillion/Palácio Piratini)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2014 às 15h45.

São Paulo - A escala de navios nos portos brasileiros para exportação de milho até o fim do ano está 10 por cento menor do que em novembro de 2013, em um momento de maior competição do cereal nacional com o dos Estados Unidos, indicando que Brasil não conseguirá repetir o bom desempenho dos embarques da temporada passada.

O line-up inclui atualmente 3,11 milhões de toneladas para embarque em todo o mês de novembro, além de navios para dezembro e com data a confirmar. Um ano atrás, a fila previa embarques de 3,47 milhões de toneladas, segundo dados da agência marítima Williams.

Os últimos meses do ano são tradicionalmente os de maior movimentação de milho nos portos brasileiros, após o envio da maior parte da safra de soja e com a grande oferta da colheita de milho de inverno do país.

As exportações do Brasil no ano comercial entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014 foram recordes, em 26,26 milhões de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Nos últimos meses do ano passado, o mundo ainda sentia falta da oferta milho dos Estados Unidos, maior fornecedor global do grão, após uma grande quebra de produtividade provocada por seca. O milho da safra 13/14 só chegaria ao mercado no fim de 2013 e início de 2014, dando ao Brasil uma janela de oportunidade incomum para embarcar sua produção recorde.

Expecionalmente, o Brasil terminou a temporada 2012/13 como o maior exportador mundial de milho, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Para a atual temporada, a oferta norte-americana já está normalizada. Os EUA colhem, neste momento, uma safra recorde do cereal.

"Estamos exportando menos milho porque os EUA estão com uma supersafra à disposição", destacou o analista Steve Cachia, da corretora Cerealpar.

O volume exportado pelo Brasil entre fevereiro e outubro deste ano reforça a menor presença do milho nacional no mercado externo. Nos primeiros nove meses da temporada, o país embarcou 11,33 milhões de toneladas do produto, 31 por cento menos que no mesmo período de 2013.

Na primeira semana de novembro, as exportações do Brasil foram de 139,3 mil toneladas por dia, contra 195,6 mil toneladas diárias da média de novembro de 2013, segundo dados da Secex divulgados nesta segunda-feira.

Ao longo do ano, o governo brasileiro foi ajustando suas próprias expectativas para as exportações de milho na temporada. Até setembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previa volume total embarcado de 21 milhões de toneladas para o atual ano comercial.

No relatório de outubro, a projeção foi rebaixada para 19,5 milhões de toneladas, com um aumento proporcional dos estoques esperados ao final da temporada.

A Conab divulga atualização de suas projeções de safra e oferta e demanda de grãos na manhã de terça-feira.

O USDA revisou nesta segunda-feira sua projeção para exportações de milho do Brasil nesta temporada para 19,5 milhões de toneladas, ante 20 milhões no relatório de outubro.

Por outro lado, a forte desvalorização do real ante o dólar, que torna mais rentáveis as exportações brasileiras, pode ajudar a mudar um pouco o quadro.

Os preços pagos no porto de Paranaguá (PR) e Santos (SP) subiram 1,4 por cento e 3,2 por cento respectivamente na semana até o dia 6 de novembro, segundo o Cepea.

"A forte valorização do dólar no período, de 5,7 por cento deve contribuir para o aquecimento das exportações nas próximas semanas", disse o centro de pesquisas, ligado à Universidade de São Paulo.

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