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Erros britânicos dos anos 1970 mostram risco político pós-Brexit

Os investidores preveem mais problemas no horizonte para um país antes visto como contraponto estável à turbulência europeia

Brexit: May precisa encontrar respostas para o drama político que se desenrola no país e ameaça sua estratégia para o Brexit (Clodagh Kilcoyne/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2017 às 20h41.

Londres - O Reino Unido está vendo uma reprise da década de 1970, e não se trata do retorno das calças boca de sino.

Com o início do recesso de verão (Hemisfério Norte) no Parlamento, a primeira-ministra Theresa May precisa encontrar respostas para o drama político que se desenrola no país e ameaça sua estratégia para o Brexit , enquanto os investidores preveem mais problemas no horizonte para um país antes visto como contraponto estável à turbulência europeia.

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Seria preciso voltar 40 anos no tempo para encontrar uma época em que o país fosse considerado tão arriscado politicamente, segundo Mark Dowding, gerente de recursos da BlueBay Asset Management em Londres.

A ambivalência em relação à Europa, a fragilidade política do governo e a população cada vez mais cansada de fazer sacrifícios lembram a época em que o Reino Unido era atormentado pela possibilidade de adesão à precursora da União Europeia e em que uma crise econômica forçou o país a pedir um resgate humilhante.

“Na década de 1970, o Reino Unido acabou recorrendo ao FMI, e provavelmente o faremos novamente”, advertiu Dowding. “Aparentemente criamos algumas feridas autoinfligidas aqui e teremos dificuldades por algum tempo.”

Assim como Edward Heath em 1974, May fez uma aposta chamando uma eleição rápida e viu os conservadores perderem sua maioria. Ao contrário dele, ela permaneceu no cargo, mas seu futuro é alvo de especulações constantes e seu rival, o líder trabalhista Jeremy Corbyn, está à espera, munido da promessa de afrouxar as rédeas fiscais.

A última pesquisa de opinião mostra que nenhum primeiro-ministro desde 1977 foi tão impopular quanto ela apenas um mês após vencer uma eleição. O próximo grande teste à sua autoridade será a conferência do Partido Conservador, em outubro, na qual podem surgir desafiantes à liderança.

O diretor-gerente da Eurasia Group, Mujtaba Rahman, afirmou que “embora May possa sobreviver à conferência do partido, não está claro se ela sobreviverá depois disso”.

As consequências do referendo do Brexit, a posição frágil de May e o alerta de segurança elevado criaram um nível de turbulência visto em raras oportunidades desde a chamada década perdida, quando o conflito trabalhista generalizado e a instabilidade política vieram em meio a ataques terroristas de republicanos irlandeses.

A fragilidade da libra esterlina foi um dos fatores que pesaram sobre a confiança dos investidores na década de 1970. Os níveis elevados de gastos públicos destinados a revitalizar uma economia moribunda levaram a uma inflação de dois dígitos e à crise da libra.

Finalmente, em 1976, um governo trabalhista pediu um empréstimo sem precedentes ao Fundo Monetário Internacional e foi forçado a realizar cortes de gastos profundos. Na atualidade, os déficits comercial e orçamentário continuam na cabeça dos economistas, enquanto a libra caiu fortemente desde o chocante resultado do referendo de 2016.

Como a história terminou há 40 anos? Uma série de greves contra os limites salariais impostos pelo governo, com lixo acumulado nas ruas e corpos sem enterrar, ficou conhecida como “Inverno do Descontentamento”. O período de cinco anos de governos trabalhistas instáveis chegou ao fim quando o primeiro-ministro James Callaghan perdeu uma moção de confiança por um único voto.

Como consequência, Margaret Thatcher chegou ao poder com o slogan “o governo do Partido Trabalhista não está funcionando”, inaugurando 18 anos de governo do Partido Conservador.

Há claramente diferenças fundamentais entre as situações da época e a atual. Ainda existe apetite pela dívida pública, a inflação está sob controle e as taxas de juros atingiram mínimas históricas. No entanto, a lição é não dormir no ponto.

“A revolta que estamos observando atualmente pode, de fato, ser a calma antes da tempestade”, afirmou Florian Otto, chefe de pesquisa para a Europa da consultoria de risco global Verisk Maplecroft.

-(Gráfico/Bloomberg)

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