Equador vira porta de entrada para haitianos
O diretor adjunto do SJRM do Equador, Juan Villalobos, disse que a maioria dos imigrantes quer ir do Brasil até a Guiana francesa, para dar o salto à França
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2012 às 18h06.
Quito - O Equador se transformou na porta de entrada à América do Sul para imigrantes haitianos que vem ao Brasil buscar uma vida melhor que a de seu país, devastado por um terremoto em 2010, já que não possui a exigência de visto, segundo o Serviço Jesuíta para Refugiados e Migrantes (SJRM) de Quito.
No início de janeiro, em apenas três dias, chegaram 500 haitianos a Brasileia, uma cidade de 20 mil habitantes no Acre, onde já viviam cerca de 700 imigrantes em um alojamento improvisado.
Dados do governo brasileiro afirmam que cerca de 4 mil haitianos chegaram em seu território como imigrantes depois do terremoto de janeiro de 2010.
O diretor adjunto do SJRM do Equador, Juan Villalobos, disse que a maioria quer ir do Brasil até a Guiana francesa, para dar o salto à França.
Villalobos explicou que os haitianos entram na América do Sul pelo Equador porque é o único país da região, junto com o Chile, que não pede visto para entrar. Entretanto, o Chile exige que comprovem recursos econômicos para ingressar em seu território, por isso que optam pelo Equador, que não faz essa exigência.
A Agência Efe pediu uma declaração da Chancelaria de Quito sobre o tema, mas não obteve resposta.
Dois anos depois do terremoto, Villalobos afirma que 'ainda há mais de 500 mil pessoas vivendo em acampamentos, a cidade continua devastada, não há trabalho nem educação, não dá para cobrir as necessidades básicas', por isso que os haitianos decidem abandonar o país.
Villalobos afirmou que a nação caribenha 'vem de uma crise histórica', pois antes do terremoto já havia 2 milhões de haitianos no exterior e o desastre natural acentuou essa fuga.
Por isso, a maioria dos haitianos que abandonam sua terra são pessoas jovens, entre 18 e 35 anos, e que querem obter uma formação no exterior ou trabalhar para enviar dinheiro a sua família no Haiti, explicou.
Do Haiti eles vão até a República Dominicana ou Cuba, depois vão ao Equador e daí tomam diferentes rotas por vários países até chegar ao Brasil, explicou o representante do SJRM.
No entanto, ele alertou que no 'Brasil não há trabalho para eles' e além disso 'hoje em dia o país tem uma política restritiva sobre a entrada de haitianos, que não podem sair do estado do Acre'.
Outra das preocupações do SRJM é que muitos deles 'vêm através de redes de tráfico de pessoas', em grupos grandes que fazem longos percursos na região.
Como exemplo, Villalobos citou que recentemente que 500 haitianos foram abandonados em Leticia, uma localidade amazônica colombiana na fronteira com Brasil e Peru.
O SRJM calcula que no Equador vivam cerca de 2 mil haitianos, embora Villalobos tenha expressado que é difícil falar em um número exato, porque há muitos haitianos 'que entram e saem, depois voltam, e ficam em situação irregular'.
Jean Onald Mercure relatou que foi ao Equador porque o país não pedia visto para entrar. Chegou há pouco mais de quatro anos, antes do terremoto, e lembrou que antes do tremor 'já havia problemas econômicos e sociais' no Haiti.
Mercure demorou a encontrar trabalho 'porque não falava espanhol', mas teve sorte e um sacerdote lhe conseguiu um emprego de guarda de segurança pela noite, enquanto nos fins-de-semana recebia aulas de espanhol.
Um dos momentos que lembra com mais dureza foi o dia do terremoto no Haiti, onde ainda viviam sua mulher e sua filha. Mercure conseguiu trazê-las ao Equador, disse alegre, e acaba de ter outro filho, que é equatoriano.
O haitiano não pensa em voltar a seu país, onde afirma não haver futuro para ele ou sua família. 'Aqui nós vamos ficar, porque para nós esta vida é importante, aqui podemos viver em paz, tranquilos', afirmou.
Mercure agradece às pessoas que encontrou no Equador e ajudaram para que criassem sua vida no país, mas nem todos os haitianos contam com a mesma sorte, porque sofrem o que o SRJM chama de tripla discriminação: serem estrangeiros, afrodescendentes e não falar espanhol.
Isso, disse Villalobos, faz com que sigam sua dura viagem em direção a diferentes países da América do Sul para alcançar seu sonho de uma vida melhor.
Quito - O Equador se transformou na porta de entrada à América do Sul para imigrantes haitianos que vem ao Brasil buscar uma vida melhor que a de seu país, devastado por um terremoto em 2010, já que não possui a exigência de visto, segundo o Serviço Jesuíta para Refugiados e Migrantes (SJRM) de Quito.
No início de janeiro, em apenas três dias, chegaram 500 haitianos a Brasileia, uma cidade de 20 mil habitantes no Acre, onde já viviam cerca de 700 imigrantes em um alojamento improvisado.
Dados do governo brasileiro afirmam que cerca de 4 mil haitianos chegaram em seu território como imigrantes depois do terremoto de janeiro de 2010.
O diretor adjunto do SJRM do Equador, Juan Villalobos, disse que a maioria quer ir do Brasil até a Guiana francesa, para dar o salto à França.
Villalobos explicou que os haitianos entram na América do Sul pelo Equador porque é o único país da região, junto com o Chile, que não pede visto para entrar. Entretanto, o Chile exige que comprovem recursos econômicos para ingressar em seu território, por isso que optam pelo Equador, que não faz essa exigência.
A Agência Efe pediu uma declaração da Chancelaria de Quito sobre o tema, mas não obteve resposta.
Dois anos depois do terremoto, Villalobos afirma que 'ainda há mais de 500 mil pessoas vivendo em acampamentos, a cidade continua devastada, não há trabalho nem educação, não dá para cobrir as necessidades básicas', por isso que os haitianos decidem abandonar o país.
Villalobos afirmou que a nação caribenha 'vem de uma crise histórica', pois antes do terremoto já havia 2 milhões de haitianos no exterior e o desastre natural acentuou essa fuga.
Por isso, a maioria dos haitianos que abandonam sua terra são pessoas jovens, entre 18 e 35 anos, e que querem obter uma formação no exterior ou trabalhar para enviar dinheiro a sua família no Haiti, explicou.
Do Haiti eles vão até a República Dominicana ou Cuba, depois vão ao Equador e daí tomam diferentes rotas por vários países até chegar ao Brasil, explicou o representante do SJRM.
No entanto, ele alertou que no 'Brasil não há trabalho para eles' e além disso 'hoje em dia o país tem uma política restritiva sobre a entrada de haitianos, que não podem sair do estado do Acre'.
Outra das preocupações do SRJM é que muitos deles 'vêm através de redes de tráfico de pessoas', em grupos grandes que fazem longos percursos na região.
Como exemplo, Villalobos citou que recentemente que 500 haitianos foram abandonados em Leticia, uma localidade amazônica colombiana na fronteira com Brasil e Peru.
O SRJM calcula que no Equador vivam cerca de 2 mil haitianos, embora Villalobos tenha expressado que é difícil falar em um número exato, porque há muitos haitianos 'que entram e saem, depois voltam, e ficam em situação irregular'.
Jean Onald Mercure relatou que foi ao Equador porque o país não pedia visto para entrar. Chegou há pouco mais de quatro anos, antes do terremoto, e lembrou que antes do tremor 'já havia problemas econômicos e sociais' no Haiti.
Mercure demorou a encontrar trabalho 'porque não falava espanhol', mas teve sorte e um sacerdote lhe conseguiu um emprego de guarda de segurança pela noite, enquanto nos fins-de-semana recebia aulas de espanhol.
Um dos momentos que lembra com mais dureza foi o dia do terremoto no Haiti, onde ainda viviam sua mulher e sua filha. Mercure conseguiu trazê-las ao Equador, disse alegre, e acaba de ter outro filho, que é equatoriano.
O haitiano não pensa em voltar a seu país, onde afirma não haver futuro para ele ou sua família. 'Aqui nós vamos ficar, porque para nós esta vida é importante, aqui podemos viver em paz, tranquilos', afirmou.
Mercure agradece às pessoas que encontrou no Equador e ajudaram para que criassem sua vida no país, mas nem todos os haitianos contam com a mesma sorte, porque sofrem o que o SRJM chama de tripla discriminação: serem estrangeiros, afrodescendentes e não falar espanhol.
Isso, disse Villalobos, faz com que sigam sua dura viagem em direção a diferentes países da América do Sul para alcançar seu sonho de uma vida melhor.