Economia

Energia verde é vítima de seu próprio sucesso na Austrália

O forte declínio do custo das energias solar e eólica aumentou a perspectiva de fim dos incentivos do governo

Energia eólica: o país se comprometeu a subsidiar a energia limpa por meio do atual Renewable Energy Target até 2020 (Ssuaphoto/Thinkstock)

Energia eólica: o país se comprometeu a subsidiar a energia limpa por meio do atual Renewable Energy Target até 2020 (Ssuaphoto/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2017 às 16h02.

Sidney - A queda dos custos da energia renovável na Austrália pode levar o governo a eliminar os subsídios pensados para incentivar o uso da tecnologia.

O forte declínio do custo das energias solar e eólica aumentou a perspectiva de fim dos incentivos porque as energias renováveis agora conseguem competir ou mesmo superar os combustíveis fósseis.

O fenômeno pode dar motivo suficiente ao primeiro-ministro Malcolm Turnbull para não estabelecer metas para as energias limpas para evitar mais brigas políticas internas, que já assolam seu governo.

A Austrália, uma das maiores exportadoras de carvão e gás natural, tem tido dificuldades para manter fontes de energia domésticas confiáveis e uma política coerente para as energias renováveis durante mais de uma década de disputas políticas e equívocos.

O país se comprometeu a subsidiar a energia limpa por meio do atual Renewable Energy Target até 2020, mas a definição de uma política formal para depois virou um campo de batalha para o dividido governo de coalizão, que tenta equilibrar as fontes de energia concorrentes em meio à disparada dos custos da energia.

As empresas de energia da Austrália estão buscando “um clima de investimento bipartidário e estabelecido, independentemente de haver subsídios ou não”, disse o ministro de Energia, Josh Frydenberg, na segunda-feira, em conferência, em Sidney. “O setor está procurando essa estabilidade, não necessariamente procurando subsídios.”

O custo da energia solar na Austrália caiu mais de 50 por cento desde o início da década e o das baterias recuará 60 por cento até 2020, segundo Frydenberg.

Com a queda dos custos das energias renováveis, qualquer incentivo oferecido pelo governo “gera um impulso menor do que nunca hoje”, disse o CEO da Origin Energy, Frank Calabria, em entrevista coletiva, na terça-feira. A questão mais importante é dar certeza ao investimento, uma vez que o programa existente termina em 2020 e continua sendo fundamental ter algum tipo de meta ordenada pelo governo para garantir a confiabilidade da rede e atingir os objetivos de redução de emissões.

Mesmo que com a queda dos custos os subsídios deixem de ser necessários, o cancelamento da meta proposta para as energias limpas seria a resposta errada para os investidores do setor, disse Leonard Quong, associado da Bloomberg New Energy Finance em Sidney.

“A oferta de uma meta política de longo prazo dá ao setor a oportunidade de gerenciar e investir de forma eficiente seus próprios ativos”, disse Quong. “A remoção dessa certeza diminui a transparência do mercado, gerando maior risco para investidores e consumidores.”

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