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Endividamento e incentivo preocupam possível retomada do PIB

Para o Itaú, o ambiente entre as empresas ainda é de aversão ao risco

Banco avalia que ainda há risco para o crescimento do quarto trimestre e destaca que a contribuição do setor automobilístico tende a ser menor (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 14h49.

São Paulo – A percepção de que a desaceleração econômica ficou para trás vem se difundindo no mercado, segundo o relatório Brazil Orange Book, organizado pelo Itaú. O material, que tem como base opiniões do setor real, especialistas e outras fontes fora do banco, indica duas preocupações na sustentabilidade da retomada, o endividamento do consumidor e o direcionamento do consumo para segmentos beneficiados por estímulos governamentais em detrimento dos demais.

O relatório, que é publicado seis vezes por ano, afirma que diferentes setores ligados ao consumo reportaram aceleração de vendas entre o final do terceiro trimestre e o início do quarto trimestre e o setor de serviços mostrou estar aquecido. Mas permanece a cautela com relação à sustentabilidade da retomada.

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“As perspectivas de retomada ainda não parecem encorajar o investimento de forma generalizada. A postura de muitos setores segue avessa ao risco, preferindo perder vendas, caso a demanda futura seja forte, do que entrar em novo ciclo de alta de estoques se a demanda decepcionar”, afirma o relatório, que em um primeiro momento não reflete o posicionamento do Itaú, mas sim dos entrevistados.

As medidas governamentais de proteção à produção local têm efeito ambíguo sobre o investimento, segundo o relatório. “No curto prazo, encarecem (ou tornam mais demoradas) a compra de equipamentos importados. Ao longo do tempo, no entanto, aceleram o ingresso de investimentos estrangeiros diretos em alguns setores”, afirma.

A visão do banco – e não das fontes por ele consultadas para o relatório – é de que a retomada do crescimento econômico brasileiro vem ganhando tração nos últimos meses, mas há incertezas. “Há melhora dos fundamentos e evidências de crescimento mais disseminado. A incerteza, no entanto, permanece elevada”, afirma o banco, para quem o ambiente entre as empresas ainda é de aversão ao risco.

O Itaú avalia que ainda há risco para o crescimento do quarto trimestre e destaca que a contribuição do setor automobilístico tende a ser menor. “Os investimentos precisam acelerar para que a expansão do PIB se mantenha, o que ainda é um desafio”, afirma o banco.

Setores

O mercado imobiliário ainda não sente a recuperação da economia, de acordo com o relatório. Entre as commodities, a atividade se mantém aquecida no setor agrícola. Nos segmentos de commodities metálicas, particularmente em siderurgia, mineração e químicos, mantém-se o quadro de crescimento apenas moderado.

A percepção é que, a maioria de setores continua observando dificuldade de contratação no mercado de trabalho, especialmente de mão-de-obra especializada. A concorrência acirrada inibe o aumento de preços, segundo o material, mesmo em setores beneficiados por medidas de restrição aos importados e depreciação da taxa de câmbio.

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