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Empresas ligadas a veículos brilham, mas economia preocupa

As companhias do setor passaram quase ilesas pela fraca atividade econômica do país, mas a proximidade do fim dos incentivos estatais preocupa

Via Lagos, concessão administrada pela CCR no Rio de Janeiro: a expansão da frota de veículos aumentou a receita de concessionárias e beneficiou seguradoras (Agência O Globo)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2013 às 07h19.

São Paulo - Empresas ligadas ao setor automotivo brasileiro, incluindo concessionárias de rodovias e seguradoras , passaram quase ilesas pela fraca atividade econômica do país na primeira metade de 2013, mas a proximidade do fim dos incentivos estatais que acompanham o setor desde 2009 traz interrogações sobre a manutenção do vigor do segmento.

De carona no aumento de 4,8 por cento nos licenciamentos de veículos leves e de 5,1 por cento nas vendas de caminhões no semestre, as concessionárias de rodovias CCR e Ecorodovias tiveram um aumento de quase 10 por cento da receita bruta com pedágio no primeiro semestre.

A fabricante de implementos rodoviários e autopeças Randon também foi beneficiada pelo aumento da frota de caminhões, registrando lucro líquido de 108,6 milhões de reais no período, quase oito vezes acima do ganho obtido um ano antes.

"Existe uma correlação que é alta entre licenciamentos de veículos e tráfego nas rodovias", afirmou Cláudia Oshiro, analista de logística na Tendências Consultoria.

Enquanto isso, de olho no crescimento de 26 por cento na frota do país entre 2009 e 2012, para 37,3 milhões de veículos, companhias ligadas ao setor -- como as locadoras Unidas e Ouro Verde e a empresa de rastreamento Sascar -- mantêm de pé seus pedidos para listarem ações na Bovespa.

O movimento vai na direção oposta à adotada por empresas de outros setores, como a Votorantim Cimentos e a empresa aérea Azul, que suspenderam recentemente suas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), por conta da situação adversa dos mercados.

As seguradoras também se beneficiaram da expansão da frota de veículos. A Porto Seguro teve crescimento de 21,3 por cento nos prêmios auferidos em seguros de automóveis no primeiro semestre, na comparação anual, para 3,55 bilhões de reais.

TRÁFEGO MAIS LENTO

Contudo, analistas avaliam que esses desempenhos podem não se sustentar nos próximos trimestres, com a saída de cena em dezembro dos incentivos fiscais para o setor e se persistir a queda na renda das famílias.


Em dezembro termina a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IP), concedida pelo governo em maio de 2012. Já o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) pode ser renovado, mas com menos incentivos. O programa tocado pelo BNDES tem como foco financiamento para compra de bens de capital novos, incluindo caminhões, e também tem fim previsto para dezembro.

"Ainda espera-se que o fluxo de pedágio aumente no ano que vem, mas houve piora nas expectativas", disse a analista da Tendências.

Em julho, o rendimento real da população recuou pela quinta vez seguida, embora a taxa de desemprego no país tenha caído pela primeira vez no ano, para 5,6 por cento.

"(Com isso), a trajetória deve ser de crescimento mais lento (no tráfego de rodovias)", disse o economista Juan Jensen também da Tendências, e que atua na elaboração do Índice ABCR de Atividade, da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. Segundo ele, o tráfego de veículos leves deve sofrer o impacto da desaceleração na renda e no emprego.

O analista Renato Hallgren, do BB Investimentos, também vê um cenário mais difícil para a expansão do tráfego de veículos leves pelas estradas do país. "Com a saturação do emprego, a gente começa a ver estagnação", disse.

SEGURADORAS

Já as empresas de seguro de veículos não devem sentir redução no volume de seguros mesmo com o fim dos benefícios para venda de automóveis novos, mas os gastos com ressarcimentos podem aumentar.

"O efeito sobre a seguradora é mais sobre o preço. Se a pessoa comprou o carro a um preço, e comprou o seguro, e depois de seis meses tem uma perda total, se o preço subiu por imposto, automaticamente a seguradora tem que pagar um carro que está com um preço maior", disse o diretor da consultoria AT Kearney, David Wong.

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De carona no aumento de 4,8 por cento nos licenciamentos de veículos leves e de 5,1 por cento nas vendas de caminhões no semestre, as concessionárias de rodovias CCR e Ecorodovias tiveram um aumento de quase 10 por cento da receita bruta com pedágio no primeiro semestre.

A fabricante de implementos rodoviários e autopeças Randon também foi beneficiada pelo aumento da frota de caminhões, registrando lucro líquido de 108,6 milhões de reais no período, quase oito vezes acima do ganho obtido um ano antes.

"Existe uma correlação que é alta entre licenciamentos de veículos e tráfego nas rodovias", afirmou Cláudia Oshiro, analista de logística na Tendências Consultoria.

Enquanto isso, de olho no crescimento de 26 por cento na frota do país entre 2009 e 2012, para 37,3 milhões de veículos, companhias ligadas ao setor -- como as locadoras Unidas e Ouro Verde e a empresa de rastreamento Sascar -- mantêm de pé seus pedidos para listarem ações na Bovespa.

O movimento vai na direção oposta à adotada por empresas de outros setores, como a Votorantim Cimentos e a empresa aérea Azul, que suspenderam recentemente suas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), por conta da situação adversa dos mercados.

As seguradoras também se beneficiaram da expansão da frota de veículos. A Porto Seguro teve crescimento de 21,3 por cento nos prêmios auferidos em seguros de automóveis no primeiro semestre, na comparação anual, para 3,55 bilhões de reais.

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Contudo, analistas avaliam que esses desempenhos podem não se sustentar nos próximos trimestres, com a saída de cena em dezembro dos incentivos fiscais para o setor e se persistir a queda na renda das famílias.


Em dezembro termina a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IP), concedida pelo governo em maio de 2012. Já o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) pode ser renovado, mas com menos incentivos. O programa tocado pelo BNDES tem como foco financiamento para compra de bens de capital novos, incluindo caminhões, e também tem fim previsto para dezembro.

"Ainda espera-se que o fluxo de pedágio aumente no ano que vem, mas houve piora nas expectativas", disse a analista da Tendências.

Em julho, o rendimento real da população recuou pela quinta vez seguida, embora a taxa de desemprego no país tenha caído pela primeira vez no ano, para 5,6 por cento.

"(Com isso), a trajetória deve ser de crescimento mais lento (no tráfego de rodovias)", disse o economista Juan Jensen também da Tendências, e que atua na elaboração do Índice ABCR de Atividade, da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. Segundo ele, o tráfego de veículos leves deve sofrer o impacto da desaceleração na renda e no emprego.

O analista Renato Hallgren, do BB Investimentos, também vê um cenário mais difícil para a expansão do tráfego de veículos leves pelas estradas do país. "Com a saturação do emprego, a gente começa a ver estagnação", disse.

SEGURADORAS

Já as empresas de seguro de veículos não devem sentir redução no volume de seguros mesmo com o fim dos benefícios para venda de automóveis novos, mas os gastos com ressarcimentos podem aumentar.

"O efeito sobre a seguradora é mais sobre o preço. Se a pessoa comprou o carro a um preço, e comprou o seguro, e depois de seis meses tem uma perda total, se o preço subiu por imposto, automaticamente a seguradora tem que pagar um carro que está com um preço maior", disse o diretor da consultoria AT Kearney, David Wong.

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