Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido: a proposta do governo para o Brexit desagradou à sua base política e também à União Europeia | Matt Dunham/Reuters (| Matt Dunham/Reuters/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de outubro de 2018 às 11h49.
Londres - A maioria das empresas britânicas deve implementar seus planos de contingência para o Brexit até o Natal caso não haja maior clareza sobre a saída do país da União Europeia. Segundo a Confederação da Indústria Britânica (CBI, na sigla em inglês), esses planos podem incluir fechamento de postos de trabalho, ajuste de cadeias de fornecedores fora do Reino Unido, estoque de produtos e realocação da produção e de serviços para outros países.
O alerta ocorre em meio a crescentes temores de que o país possa sair da União Europeia em março sem um acordo sobre o futuro relacionamento com o bloco. Isso poderia levar à imposição de tarifas sobre exportações, reinstalação de barreiras alfandegárias e restrições a viajantes e trabalhadores, o que é uma combinação tóxica para empresas.
"A situação é urgente", disse Carolyn Fairbairn, diretora geral da CBI. "A velocidade das negociações está sendo superada pela realidade que as empresas estão enfrentando na realidade", afirmou.
Uma conferência de líderes da União Europeia na semana passada falhou em estabelecer uma saída. Dezembro é a data da próxima reunião, o que deixa o processo do Brexit estacionado até bem próximo da data final de saída do bloco, no dia 29 de março. Mesmo que um acordo seja desenhado, há dúvidas sobre a habilidade da primeira ministra Theresa May assegurar a maioria necessária no Parlamento, dada a divisão sobre o tema.
"A menos que um acordo de saída seja fechado em dezembro, as empresas vão apertar o botão nos seus planos de contingência", disse Fairbairn. "Empregos serão perdidos e cadeias de suprimentos serãomovidas", acrescentou.
O alerta da CBI se baseia numa pesquisa feita com 236 empresas afiliadas, entre pequenos e médios negócios. Segundo o levantamento, 82% das empresas vão ter iniciado a implementação de planos de contingência até dezembro caso o processo do Brexit não esteja claro.
A entidade disse ainda que 80% das empresas acreditam que o Brexit já teve um impacto negativo em suas decisões de investimento. Há um ano, esse porcentual era de apenas 36%.
Segundo a pesquisa, 66% dos negócios acreditam que o Brexit afetou a atratividade do Reino Unido como um local de investimento, enquanto 24% dizem que não houve impacto.
Grandes companhias estão ficando cada vez mais incomodadas com o impasse nas conversas sobre o Brexit. Na semana passada, antes da conferência em Bruxelas, a gigante do setor farmacêutico AstraZeneca e a fabricante de automóveis Ford emitiram comunicados levantando dúvidas sobre seus investimentos na Grã-Bretanha.