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Empresários pedem que presidente mexicano pare de "mudar regras"

Tema se tornou a principal preocupação de muitas empresas que operam no país e que chegam a gastar até 40% dos custos fixos para se proteger

López Obrador, presidente do México: empresas pedem mensagem de certeza do governo (Alejandro Cegarra/Bloomberg)

Ligia Tuon

Publicado em 19 de janeiro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 19 de janeiro de 2020 às 09h00.

Representantes de dois grandes grupos empresariais alertaram que está cada vez mais difícil para empresas estrangeiras investirem no México e pediram que o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador pare de enviar mensagens que afetam os investimentos.

Em uma rara crítica ao atual governo, Carlos Salazar, presidente de uma das maiores associações empresariais mexicanas, a CCE, disse que as empresas precisam de uma mensagem de certeza do governo López Obrador para evitar conflitos.

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No mesmo evento na Cidade do México, Claudia Jañez, presidente de uma associação que representa multinacionais, foi ainda mais crítica contra a interferência do governo nos investimentos, dizendo que essa postura é a principal causa de estagnação econômica no México.

O PIB do México ficou estável no ano passado, em grande parte por causa da “mudança sistemática de regras para fazer negócios e das constantes mensagens políticas contra os mercados e empresas”, disse Jañez, presidente do Conselho Executivo de Empresas Globais (CEEG).

A economia chegou a entrar em leve recessão no primeiro semestre de 2019, depois que López Obrador abandonou um projeto de aeroporto, orçado em US$ 13 bilhões, antes de tomar posse em dezembro. O presidente mexicano também suspendeu os leilões privados de petróleo. O governo travou uma disputa de meses com vários operadores de dutos depois de alterar os termos dos contratos de gás natural assinados com a administração anterior.

“As empresas tomam decisões de investimento a longo prazo. Mudar regras não ajuda a crescer”, disse Salazar, que tem feito a ponte entre a comunidade empresarial e o governo.

A formação bruta de capital fixo, que inclui investimentos em fábricas e máquinas, caiu por nove meses consecutivos até outubro de 2019, a maior sequência de baixas desde a recessão de 2009.

Jañez, que também é presidente para a América Latina da DuPont de Nemours, ressaltou que o México precisa esclarecer por que merece receber investimentos em detrimento de outros países e que os acordos de livre comércio não terão importância se o país não resolver seus problemas de segurança.

Ela disse que o tema se tornou a principal preocupação de muitas empresas que operam no país e que algumas delas agora gastam entre 30% e 40% dos custos fixos para se proteger. “A insegurança não deve ser o ‘novo normal’”, disse.

Mas Salazar disse que continua otimista de que o México possa alcançar metas de crescimento. Ele citou um plano de infraestrutura a partir de novembro como um símbolo de esperança.

Salazar está ajudando a intermediar um segundo plano de investimentos, desta vez para o setor de energia, que pode ser anunciado neste mês ou no próximo.

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