Economia

Em recado claro, membros do Copom afirmam que podem subir os juros para conter a inflação

Diretores do BC deixaram de lado comunicação típica e sinalizaram claramente que possibilidade de alta de juros está no radar

Diretores do Banco Central (BC) reunidos em Brasília para mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ( Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)

Diretores do Banco Central (BC) reunidos em Brasília para mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ( Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 08h44.

Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 09h24.

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Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) deixaram de lado a usual comunicação indireta na ata da última reunião publicada nesta terça-feira, 6. Eles afirmaram, explicitamente e de maneira unânime, que não hesitarão em aumentar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgarem apropriado.

Na prática, os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram claramente que podem subir os juros nas próximas reuniões. 

Com isso, a dúvida agora passa a ser quando começará o ciclo de alta e se essas elevações serão de 0,25 ponto percentual ou de 0,5 ponto percentual.

"À luz desse acompanhamento, o Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado", informaram os diretores do BC.

"Como usual, as estratégias adotadas pelo Comitê refletirão o compromisso com o cumprimento da meta de inflação, visando também a reancoragem das expectativas de inflação de modo a minimizar o custo da desinflação. O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta."

Os membros do Copom afirmaram que o cenário atual é marcado por projeções mais elevadas e mais riscos para a alta da inflação.

E que o desenrolar do cenário será particularmente importante para definir os próximos passos de política monetária. De maneira unânime, eles afirmaram que o momento é de maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação.

Inflação de serviços preocupa Copom

Segundo o Copom, as taxas de inflação de bens industriais e de alimentação no domicílio mantiveram suas recentes trajetórias, deixando de contribuir para a desinflação nesse estágio do processo desinflacionário.

Para piorar, a inflação de serviços assumiu papel preponderante na dinâmica de redução de preços.

"Debateu-se então o papel da dinâmica do mercado de trabalho e das expectativas de inflação para a determinação da inflação de serviços. Concluiu-se que o processo desinflacionário arrefeceu e que os níveis de inflação corrente acima da meta, em contexto de dinamismo da atividade econômica, tornam a convergência da inflação à meta mais desafiadora", informou o BC.

Além disso, os membros do Copom avaliaram que o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma trajetória de taxa de juros mais elevada.

Com isso, os diretores do BC concluíram unanimemente pela necessidade de uma política monetária ainda mais cautelosa e de acompanhamento diligente do desenrolar do cenário.

"O Comitê avalia que a condução da política monetária é um fator fundamental para a reancoragem das expectativas e continuará tomando decisões que salvaguardem a credibilidade e, consequentemente, reduzam o custo da desinflação", afirmaram os membros do Copom. "O Comitê não se furtará ao seu compromisso com o atingimento da meta de inflação e entende o papel fundamental das expectativas na dinâmica da inflação."

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