Economia

Em meio a pacote trilionário, EUA divulgam dados de desemprego

A expectativa é que o número de americanos pedindo auxílio desemprego pode ser de cerca de 1 milhão de pessoas na semana passada, o maior desde 1982

Departamento de Trabalho nos EUA: o presidente Trump vem levantando discussões sobre o efeito da quarentena no desemprego (Andrew Kelly/Reuters)

Departamento de Trabalho nos EUA: o presidente Trump vem levantando discussões sobre o efeito da quarentena no desemprego (Andrew Kelly/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2020 às 06h33.

Última atualização em 27 de março de 2020 às 00h49.

Enquanto o pacote de 2 trilhões de dólares em estímulo dos Estados Unidos tramita no Congresso, um novo número deve chamar atenção em Wall Street nesta quinta-feira, 27. O governo divulga nas próximas horas os dados semanais de cidadãos americanos que se inscreveram para receber benefícios de desemprego.

Por ser divulgado com frequência (e não mensalmente, como a contagem oficial de desempregados), o dado é particularmente útil em um cenário em que tudo muda em poucos dias.

A expectativa é que o número de americanos pedindo auxílio desemprego pode ser de cerca de 1 milhão de pessoas na semana encerrada em 21 de março, segundo consenso de analistas consultados pela agência Reuters. Seria o maior número desde 1982, que teve recorde de 695.000 pedidos. Algumas previsões chegaram até mesmo a projeção de 4 milhões de pedidos de auxílio na última semana.

O resultado funcionará como termômetro de o quanto a quarentena nos principais estados americanos afetou os parâmetros de emprego e da economia. Alguns economistas afirmam que a economia americana já está em recessão — e que a queda nos empregos será prova disso.

Foi esta mesma preocupação com o nível de recessão e desemprego que levou tanto o Congresso americano quanto o Fed, banco central do país, a passarem pacotes de estímulo, que incluem apoio à população e hospitais e crédito barato, sobretudo para empresas. O plano do governo, de 2 trilhões de dólares, estará novamente no centro das atenções nas próximas horas.

Após ser aprovado na quarta-feira, 25, pelo Senado, o plano precisa agora de aval da Câmara, que vota a medida na sexta-feira, 27.  Até lá, o dia de hoje deve ser de intensos debates e reuniões entre os membros da casa, controlada pelo Partido Democrata. Não deve haver, contudo, uma grande oposição ao pacote, depois que discussões entre democratas e republicanos no próprio Senado parecem ter levado a um consenso.

No começo da semana, os democratas reclamaram que o pacote constituía de salvação a empresas e dava pouco dinheiro a hospitais. Na quarta-feira, contudo, o líder democrata Chuck Schumer chamou o texto final de “plano Marshall” dos hospitais, fazendo referência ao programa de apoio americano aos países europeus destruídos depois da Segunda Guerra Mundial. O pacote incluirá pagamento direto a famílias americanas de baixa renda ou que estão sem emprego.

O plano ainda precisará ser assinado pelo presidente americano, Donald Trump, que afirmou que vai assinar a medida “imediatamente” assim que o texto chegar a suas mãos. A discussão sobre desemprego e estímulos vem na semana em que o presidente tem dado declarações de que os estados deveriam reduzir a quarentena para não prejudicar a economia.

Nesta semana, ele afirmou que esperaria que o chamado lockdown (o isolamento forçado das pessoas e fechamento do comércio) tenha chegado ao fim no começo de abril. Especialistas de saúde, por sua vez, apontam abril como o grande pico da pandemia.

Os Estados Unidos tem mais de 69.000 casos confirmados de coronavírus, tendo se tornado o terceiro país mais afetado, atrás de China e Itália.

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